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15Jesus disse a seus discípulos: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste teu irmão. 16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18 Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. 20Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”.
Comentário
Temos a segunda parte do discurso eclesiástico de Mateus, discurso sobre a Igreja, versando sobre os temas da fraternidade e da caridade. A palavra que faz gancho de ligação entre os temas é “irmão”, que vem do latim “frater = irmão”; fraterno é ser irmão do outro. A perícope (trecho) indica duas formas que expressam – e ao mesmo tempo constrói – a “fraternidade” que deve reinar no interior da comunidade constituída, ou seja, a Igreja. E as formas que expressam fraternidade são: correção fraterna (v. 17s) de um lado, e oração comunitária (v. 19s) de outro.
A correção fraterna nasce do amor, e por tal razão é discreta: “vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo!” (v 15). A melhor maneira de ganhar uma pessoa (v 15) é estar a sós com ela. O particular interessa em primeiro lugar só aos dois. E recuperar do “mal estar” com alguém, só há um caminho: o cuidado próprio que inspira e requer o amor, de não expor o negativo de ninguém; ao mesmo tempo não ser omisso diante dos fatos. A correção se faz necessária! Mas como fazê-la? Eis o grande desafio! Quando a situação se torna tensa demais, pode chegar até mesmo ao extremo que é a excomunhão, mas tendo como único propósito a correção, a possibilidade da conversão! Que a pessoa sinta em si um estado desagradável, e permita Deus entrar em sua vida “de cheio” impelindo-a ao arrependimento (filho pródigo – Lc 15,11ss). Só assim, nos moldes cristãos, o retorno ou mudança se efetiva.
A oração comunitária – feita conjuntamente e na mesma perspectiva ou direção – é infalível. E o que é mais importante ainda, é o esforço de sentir-se na presença de Cristo. É exatamente esta presença de Cristo que dá valor e força à oração proferida. Jesus é a Palavra de Deus para o homem. Onde esta Palavra é acolhida seriamente, ocorre o imprevisível: a unidade e o reconhecimento do outro como irmão.
Eis o cerne, o coração da mensagem cristã: separado e distante de Deus, o ser humano está sujeito a criar discórdia, dispersão e inimizade uns com os outros. Com Jesus – “sem mim, nada podeis fazer” – o homem redescobre sua vocação à unidade e fraternidade; aprendendo a perdoar, pois o perdão refaz a união fragmentada do dia-a-dia, ciente de que o amor perdoa e recupera o outro: “tu ganhaste o teu irmão”.
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Homilia Dominical: São Mateus 18,15-20
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