34Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles reuniram em grupo 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36“Mestre, qual é o maior mandamento da lei? 37 Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento! 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 40Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
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Comentário |
A leitura de hoje é a síntese mais preciosa não só da Lei, como de todo o ensinamento de Jesus. Ele é o mestre, que responde aos questionamentos propostos pelos peritos de então, aqueles mais conceituados no assunto (fariseus, saduceus, doutores da lei).
Jesus instrui sobre a instrução, pois Lei em hebraico, dita “toráh”, significa “instrução”. Eles indagam assim: que manda a Lei, qual é o maior dos mandamentos (dez) da Lei? E aqui, “maior” equivale a importante, pois o mestre entende assim já que ao responder coloca em ordem de importância falando de: primeiro e segundo; e não de números em dimensão cardinal: 1 e 2; dando também uma só reposta: o amor! Amor para com Deus e para com as pessoas: eis a clave de toda a Bíblia (Lei e Profetas).
É curioso verificar que Jesus ao responder transforma a pergunta singular (qual é o maior mandamento) em plural (…esses dois mandamentos), quando conclui sua posição. Isto indica que o amor deve ser desdobrado: amar a Deus e amar ao próximo. Amar apenas um, seria só 50%; ou mesmo um amor inválido. O amor somente para com Deus, não é o que Ele requer! E, sim, um amor dosado, composto. E esse amor “bifurcado” deve ser um sentimento só na prática da vida, “o mandamento maior” (v 36). Assim sendo, não posso amar a Deus se não amo meu irmão: eis a lição ministrada por Jesus.
Há uma tendência maniqueísta de separar o homem de Deus, como se a vida fosse compartimentos estanques. Há um perigo de que as estruturas, mesmo boas, porém, rígidas, nos levem a riscos de criar barreiras e até imaginar que o procedimento seja desejo de Deus; de não percebermos que somos nós os que limitamos e condicionamos nossas ações. O certo é que diante da palavra de Cristo, só há uma Lei prioritária que é a do amor, como medida absoluta em direção de foco para Deus e para quem está perto, para o próximo.
É importante constatar que Deus e o próximo estão incluídos num mesmo preceito de amor. E que o fato de estar Deus e o próximo juntos, constitui uma simbiose perfeita! E que isto não pretende rebaixar a Deus e, sim, elevar o homem.
A originalidade do mestre está na síntese da instrução da Lei. O que conta para ele é mostrar o sentido que qualquer ato humano imprime ao amor, em toda escolha que se apresente ao indivíduo. Se alguém tem que fazer algo, que ele o faça com amor. Jesus é exemplo máximo e espelho para o comportamento de todo ser humano – ele é realmente o Deus humanado – ele não só é mestre especial, como também leva o homem a ser especial com Deus e com as demais pessoas.
Antes ele dissera: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.
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