Na segunda-feira (21), após Missa votiva ao Espírito Santo, um momento de retiro e uma breve reflexão sobre a sinodalidade, os participantes já têm em mãos o esboço do Documento Final da Assembleia Sinodal,que será encerrada neste domingo (27).
Até esta quarta-feira (23), os membros do Sínodo darão suas contribuições para que quinta (24) e sexta-feira (25) a comissão redatora possa preparar o Documento Final. No rascunho, foram consideradas contribuições dos círculos menores e dos teólogos, colocando o foco na Ressurreição de Cristo. Os próximos passos serão uma troca de dons, para partilhar desafios, sonhos, dinâmicas e novas motivações que surgem do texto.
O Cardeal Timothy Radcliffe, conselheiro espiritual da assembleia, disse que “o Sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja em novas situações”, e que a Igreja é chamada a assumir o papel de ser um sinal de paz e de comunhão com Cristo. É uma questão de tomar decisões que não chegam às manchetes, porque tem a ver com o modo de ser de Jesus e de estar com as pessoas.
Diretamente de Roma, o A12 conversou com Dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam) e futuro cardeal nomeado pelo Papa, que resumiu como estão os trabalhos a partir do esboço do documento final.
“Depois de três semanas de muita discussão, trabalho, oração e busca de consensos, estamos estudando, começamos hoje, a estudar o rascunho, eu diria assim, do documento final. Hoje se trata de tomar conhecimento desse texto e amanhã nós temos a oportunidade de propor emendas ou, enfim, correções ou proposições que podem ser agregadas para aperfeiçoar o texto”.
O Arcebispo de Porto Alegre (RS) também ressaltou pontos importantes do Sínodo, como a missão de cada leigo na Igreja.
“Basta recordar o que é o tema, por assim dizer, do próprio sínodo. Comunhão, participação e missão. O objetivo maior é a missão, ou seja, o que orienta todo o trabalho. É um mandato apostólico, ir pelo mundo anunciar o Evangelho a toda criatura. E é isso que a igreja busca fazer ao longo dos milênios, tentando responder sempre aos desafios do tempo e, ao mesmo tempo, atenta à cultura com a qual ela se vê confrontada no bom sentido”.
Outro religioso presente no Sínodo é Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho (RO), que reforça a importância da Assembleia em discutir questões essenciais sobre a Casa Comum e os povos indígenas.
“É, sobretudo, ter essa certeza que não é somente os povos indígenas do Brasil. Quando nós vemos toda a questão da mineração, dos estragos de Mariana, Brumadinho e tantos outros, e mais recentemente mostrado pelas reportagens no meio da selva amazônica, no meio da terra indígena Yanomami, a destruição que isso representou. É preciso que a Igreja articule sempre vozes, que acalente a esperança e os sonhos de todos os povos, de todos os povos do mundo inteiro. E este encontro hoje é também uma conjugação de caminhos entre os povos da floresta e os povos do mundo inteiro que clamam por um novo rumo, uma nova história.
Acho que tudo isso são sinais e tudo aquilo que vem acontecendo, não só as cheias do Rio Grande do Sul, não só a estiagem, não somente os rios que não é possível navegar na Amazônia neste tempo, tudo isso demonstra que é o grito de Deus no grito da natureza para que se repense quais modelos de desenvolvimento nós queremos para toda a humanidade”.
Fonte: Portal A12 / Escrito por Alberto Andrade