No ano em que a Campanha da Fraternidade (CF) propõe reflexões sobre a temática “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”, algumas iniciativas de cuidado com a Casa Comum merecem destaque.
O movimento Cicloolhar (@cicloolhar), formado por ciclistas de várias cidades do Brasil, que andam de bicicleta e fotografam, partilhando pedaladas por meio da hashtag #cicloolhar, defende o ciclismo humanizado, inspirado na simplicidade e universalidade da bicicleta, para estimular o exercício da cidadania pelo ciclismo.
O Cicloolhar surgiu em em Jequié (BA), idealizado pelo ciclista e documentarista de inspiração católica, Dado Galvão. Uma das campanhas do movimento é estimular a doação de capacetes novos ou usados para ciclistas de baixa renda. Também propõe localmente políticas públicas pró-ciclismo, cobrando das autoridades a implementação de ações concretas que preservam vidas de ciclistas no direito de ir e vir, entendendo a bicicleta como um modal utilizado para o trabalho, lazer ou esporte.
Ciclismo fraternal
O movimento Cicloolhar tem convidado os ciclistas para refletir sobre como podem por meio de pedaladas/ações concretas, promover o ciclismo fraternal, especialmente no contexto dos coletivos de ciclismo/grupos de pedais.
Levantamento feito pela Aliança Bike, em outubro de 2024, aponta acréscimo de 280km em estruturas segregadas para bicicletas, atingindo um total de 4.106,8km no país. As 27 capitais totalizam, juntas, pouco mais de 4 mil quilômetros de ciclofaixas e ciclovias (o primeiro equipamento predominante na maioria delas). Além disso, boa parte das capitais não têm sequer 100 quilômetros de estrutura.
“Como ciclistas não podemos ‘lavar as mãos’, conscientes que somos testemunhas dos benefícios promovidos pelo hábito de andar de bicicleta, podemos agir individualmente e (coletivamente) para que existam localmente políticas públicas pró-ciclismo. Isto é um direito conquistado e sancionado em (Lei nº 14.729) pelo presidente Lula, em novembro de 2023, que dá mais incentivo ao uso de bicicletas como meio de transporte. A medida (promove a participação popular) no processo de implantação de infraestruturas destinadas à circulação de bicicletas e determina mais uma orientação aos municípios que pretendem ampliar seu perímetro urbano”, avalia Danilo.
“Na rota da CF 2025, pegando a trilha da COP 30, é hora de pedaladas concretas (locais) sejam individuais ou coletivas (no lugar onde você vive e pedala) em defesa da implementação de políticas públicas pró-ciclismo, que ajudarão preservar vidas que andam de bicicleta. Ciclovias, ciclofaixas, bicicletários públicos, placas pró-bicicleta, ciclorotas, apoio ao cicloturismo e aos atletas do ciclismo, leis locais de incentivo e proteção ao ciclismo, bicicleta no currículo escolar. A bicicleta é irmã sustentável, ferramenta universal, que está nas garagens e quintais de ricos e pobres, habitantes da nossa Casa Comum, não existem casas reservas, a única casa que temos, clama pela lógica do cuidado!”, diz Dado Galvão.
Fonte: Jornal O São Paulo