Santuário Nacional acolhe a 28ª Romaria Nacional da Pastoral Afro-Brasileira

Foto: Mariana Joffre/ A12

O próximo dia 20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra no Brasil e, nesse espírito, o Santuário Nacional acolheu a 28ª Romaria Nacional da Pastoral Afro-Brasileira no sábado (09), um momento de fé, valorização da cultura afro-brasileira, da identidade do povo negro e expressão da luta contra o racismo.

A Romaria teve como tema “Mãe Negra Aparecida, cuida das nossas vidas” e o lema: “Pastoral Afro-Brasileira, peregrina com fé e esperança antirracista” e reuniu cerca de 4 mil pessoas na Santa Missa das 12h.

Edna Aparecida Beatto, membro da Pastoral Afro, da Arquidiocese de Campinas (SP), expressou o significado de poder participar da Romaria na Casa da Mãe Aparecida.

“Para nós é um marco importante, haja vista toda a questão do racismo que a gente não consegue combater. Então, é importante a gente dar visibilidade também a esta cultura dentro do espaço eclesial. Esse momento, aqui em Aparecida, marca o início do novo ano, onde a Pastoral Afro-Nacional se encontra para celebrar, para comungar e cantar a esse Jesus”, disse.

Edneia Aparecida, ao centro da imagem, na 28ª Romaria Nacional da Pastoral Afro-Brasileira | Mariana Joffre/ A12

A celebração eucarística foi presidida pelo bispo da Diocese de Araguaína (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Giovane Pereira de Melo, concelebrada pelo Bispo Referencial da Pastoral Afro no Regional Sul 1, Dom Eduardo Vieira dos Santos e demais presentes; contou com a animação feita pelo Missionário Redentorista e Diretor da Rádio Aparecida, Padre Vanderlei Sousa, C.Ss.R.

Em entrevista ao A12, Dom Giovane explicou como a Igreja tem trabalhado para a valorização das culturas e tradições negras e mencionou alguns avanços.

“A Igreja tem dado passos importantes na valorização das culturas e tradições negras. Liturgias têm incorporado elementos da cultura africana, cânticos e celebrações que exaltam a ancestralidade e a espiritualidade do povo negro, criando um ambiente em que nos sentimos vistos e valorizados em diversas comunidades. Além disso, debates e ações contra o racismo têm se fortalecido, especialmente com o apoio de pastorais, como a Pastoral Afro-brasileira e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que tem levado essa discussão para o campo e áreas rurais. No entanto, há ainda muito a ser feito.”

O bispo disse que a Igreja precisa atuar contra o racismo estrutural e os líderes religiosos devem abordar o tema nos momentos oportunos.“Ainda existem resistências e preconceitos a serem vencidos dentro da própria Igreja, e é necessário um compromisso contínuo para que esses avanços se consolidem”, afirmou.

Em sua homilia, Dom Giovane expressou sua gratidão pelo caminho percorrido como Igreja, no Sínodo sobre a Sinodalidade e falou às comunidades negras acerca do desejo de colocar em prática junto à Igreja as reflexões deixadas pelo Sínodo.

“É nossa tarefa, em razão do batismo, nos engajarmos como missionários da sinodalidade, dentro das nossas comunidades. E as comunidades negras, com a sua fé, com a sua resistência, com a sua experiência comunitária, com o seu amor ao próximo… Somos chamados a dar a nossa contribuição para que a Igreja seja mais participativa, mais missionária, mais próxima, mais relacional.”

O bispo falou também sobre a necessidade de trabalhar e combater todo o preconceito, resgatar a cultura da tolerância e romper com toda forma de ódio:

“Busquemos, no interior das nossas igrejas, das nossas comunidades, o diálogo para fortalecermos a Pastoral Afro-Brasileira em nossas dioceses. E, em Maria, Virgem Mãe Negra Aparecida, Mãe de Cristo e da Humanidade, vemos os traços de uma Igreja Sinodal, de uma Igreja Missionária, de uma Igreja misericordiosa, que brilha como luz. Ela é figura, Nossa Senhora é figura de uma Igreja que escuta, que reza, medita, dialoga, acompanha, discerne, decide e acha”, concluiu.

Fonte: Portal A1 / Por Letícia Dias

Veja a Santa Missa na íntegra:

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