Com informações agência Ecclesia. O Vaticano está a promover uma série de iniciativas culturais como preparação para o Ano Santo 2025, com o programa ‘Jubileu é Cultura’.
“A arte é uma das chaves que pode abrir portas”, disse à Agência ECCLESIA o padre Alessio Geretti, curador da mostra inaugural da iniciativa, dedicada ao pintor El Greco (1541-1614).
Já a 26 de novembro, no Auditório da Conciliação, junto ao Vaticano, vai ser apresentado o primeiro dos oito “Concertos Jubilares”, apresentando a Sinfonia do Novo Mundo, de Antonín Dvorák, com a participação de músicos ucranianos, num evento promovido pelo Dicastério para a Evangelização (Santa Sé).
“Os ‘Virtuosi de Kiev’, para além de serem músicos extraordinários, dão-nos a oportunidade de exprimir um pequeno gesto de apoio à Ucrânia, uma forma de participação através da linguagem universal da música”, refere D. Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização e encarregado pelo Papa Francisco da organização do próximo Jubileu, em nota enviada à Agência ECCLESIA.
A série de concertos segue-se à exposição de várias obras de El Greco em Roma, que saíram de Espanha pela primeira vez e estiveram patentes, entre setembro e outubro, na Igreja de Santa Inês, junto à Praça Navona.
O padre Alessio Geretti sublinha que a opção pela arte, no caminho para o Ano Santo 2025, nasce da convicção de que a beleza torna o ser humano “peregrino na alma e na mente”.
“É importante que a preparação do Jubileu e o percurso do Ano Santo sejam acompanhados por momentos de cultura e de arte que, a par de todas as oportunidades de oração e de conversão, possam fazer bem a milhares de pessoas”, realça o sacerdote.
Quase 300 mil pessoas puderam ver na capital italiana, pela primeira vez, três quadros de El Greco: o Batismo de Cristo, a Sagrada Família com Santa Ana e Cristo carregando a cruz.
“São três obras-primas de um artista que escolhemos por estar, talvez, entre os mais espirituais e teológicos de todos os pintores”, observa o curador da mostra, falando numa “síntese entre Oriente e Ocidente, com a intenção de que a pintura fosse um caminho do material e do sensível para o espiritual”.
“É por isso que, nas suas pinturas, as figuras são quase sem corpo, abstratas, esticadas por uma grande tensão ascendente, como se essas imagens fossem um convite para subir até Deus”, acrescenta.
Para o especialista no diálogo fé-cultura, as obras de arte podem tornar-se “peregrinas e missionárias”, estando o Vaticano a programar levar exposições a locais como hospitais, prisões ou lares, para “devolver a esperança”.
“A arte é um exercício de missão e, em vez de a guardar num museu ou de a ver apenas numa igreja, é justo que seja vivida como uma experiência de saída, que chega a todas as pessoas”, conclui o padre Alessio Geretti.
O Vaticano espera que milhões de pessoas participem, a partir de dezembro de 2024, nas celebrações do Ano Santo 2025, o Jubileu convocado pelo Papa Francisco.
O Jubileu, com o lema ‘Peregrinos da Esperança’, coincide com os 1700 anos do Concílio de Niceia, que abordou a data da celebração da Páscoa, e terá uma dimensão ecuménica numa das rotas de peregrinação propostas, o ‘Iter Europaeum’, 28 Igrejas que se referem a 27 países europeus e à União Europeia, com alguns templos de outras comunidades cristãs.
O Ano Santo de 2025 será o 27.º Jubileu ordinário da história da Igreja.
Foi o Papa Bonifácio VIII quem, em 1300, instituiu o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixada de 25 em 25 anos.
O último jubileu foi o Ano Santo extraordinário dedicado à Misericórdia, convocado com a Bula ‘Misericordiae Vultus’ do Papa Francisco, cuja coordenação foi também confiada a D. Rino Fisichella.
Esse jubileu decorreu de 29 de novembro de 2015, com a abertura antecipada da Porta Santa em Bangui, na República Centro-Africana – no Vaticano, aconteceu a 8 de dezembro, em São Pedro – a 20 de novembro de 2016.