A população do Marajó está sendo agraciada durante este mês de julho com a exibição do documentário “Marajó das Letras – Os abridores de letras da Amazônia Marajoara”. No 1º fim de semana de julho a exibição aconteceu em Breves, Curralinho e São Sebastião da Boa Vista. E no segundo final de semana do mês o documentário foi apresentado em Ponta de Pedras, Salvaterra e Soure. Os organizadores revelam que “tem sido emocionante documentar as reações da plateia e o orgulho que os abridores de letras de cada cidade sentem ao verem seus ofícios desvelados ao grande público”.
As apresentações contemplaram todos os municípios onde foram feitas as filmagens e, ainda, durante o Festival de Cinema Marajoara. A população de Belém também poderá prestigiar essa produção nitidamente paraense nas últimas duas semanas de julho, quando a apresentação será feita no Sesc Boulevard nos dias 22 e 25
A exibição do documentário é a terceira etapa do Projeto “Letras que Flutuam”, que tem como objetivo valorizar o trabalho dos artistas conhecidos como ‘abridores de letras’.
Em uma das etapas, o projeto fez o mapeamento desses profissionais em diversos municípios ribeirinhos, nas regiões de Santarém, Marajó, Belém e Salgado. Este saber popular vem sendo objeto de estudo da pesquisadora Fernanda Martins desde 2004, quando foi tratado em monografia para a Especialização no Instituto de Ciências da Arte – ICA da Universidade Federal do Pará.
Pintura com pistola
Abrir letras em barco é um ofício associado à pintura tradicional com pincel, técnica pela qual os nomes das embarcações são pintados com letras coloridas decoradas. Detentores dessa técnica são encontrados artistas que se destacam em todos os municípios, uns com conhecimento prévio adquirido em cursos, outros cujo aprendizado se deu de forma cotidiana. Um sintoma muito evidente no Marajó, no entanto, é a presença da pintura com pistola – à qual chamam de “grafite” – muito marcante em embarcações menores, as chamadas “rabetas”.
A etapa Marajó do projeto “Letras que Flutuam”, apoiada pelo programa RUMOS Itaú Cultural, visa documentar em vídeo o ofício dos abridores de letras de barco na região do Marajó. O documentário dá seguimento às atividades de pesquisa registradas no primeiro documentário feito em 2014, realizado nas regiões de Barcarena, Abaetetuba e Igarapé-Miri, além de Belém. Desta vez, no Marajó, a maior ilha fluviomarítima do mundo, aprofunda as histórias dos abridores e da narrativa poética que inspira esse universo ribeirinho amazônico.
A equipe do Letras que Flutuam vem propondo às cidades visitadas um novo olhar sobre a paisagem comum aos olhos de seus moradores. As exibições do documentário têm essa proposta: de perceber o não percebido, de valorizar o que não é valorizado, e de mostrar a identidade marajoara através das modificações que o homem gera na paisagem com pincéis, cores e pistolas, construindo a visualidade das cidades amazônicas na pós-modernidade.
(com informações do blog do projeto) |
Letras que flutuam exibe documentário no Marajó
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