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Hoje era para eu veicular o que aprendi, e não foi pouco, sobre o Círio de Nazaré, na prazerosa e utilíssima leitura do livro “Meus 80 Círios”, de autoria da luminosa criatura – também pudera: com nome de estrela! – Mízar Bonna. Como, porém, tanto na Trasladação, quanto no Círio, vi e ouvi algumas coisas, felizmente bem poucas, que me pareceram, a mim e a outras pessoas, digamos, incorretas, ouso enumerá-las nesta edição, antes que caiam no esquecimento, com a melhor das intenções, crítica construtiva, pelo que acompanhada de sugestões, queira Deus que acertadas e, sobretudo, plausíveis, realizáveis, ainda que, possivelmente, não sejam levadas em conta.
Comecemos pelo Círio em si. No chamado por alguns moderninhos, injusta pois que erroneamente, “tempo do atraso”, – quem dera que todo atraso fosse assim! – o Círio, se bem me lembro, era animado, e como, pelos dobrados e marchas de mais de uma banda de música, todas elas de se lhes tirar o chapéu. Este ano, ora graças, apareceu umazinha, na Trasladação, garbosa, eficiente, animadíssima, formada inteiramente por jovens. Pena que, salvo engano meu, tenha sido só na Trasladação e apenas uma.
Que fim levaram? Por que, há tempos, que não mais? Ah, que falta fazem e quanta! Era só elas começarem a tocar – lembram-se os de mais idade que nem eu? – e toda aquela massa, involuntária e inconscientemente, punha-se a caminhar ritmicamente, levada pela música, sem ser preciso alguém ficar gritando, lá da Concha Acústica, pelo serviço de som instalado ao longo de todo o trajeto, às vezes, pelo que me é dado ver, sem o devido atendimento: “caminha, povo de Deus! Não para (sic!), povo de Deus! Mais rápido, povo de Deus!” E eu, lá do meu canto: Argh!
Que elas voltem nas trasladações e nos círios dos próximos anos, no mínimo para dinamizá-los.
E o despropósito de atirar sobre a berlinda, à sua passagem, do alto de edifícios e repartições, serpentinas e mais serpentinas?! Despropósito sim, meus e minhas, uma vez que, força convir, serpentina é, sempre foi e sempre o será, coisa de Carnaval, consequentemente imprópria, inadequada, fora de lugar, num evento religioso qual o Círio. Círio e Carnaval, queira-se ou não, – está na cara, evidentíssimo – não são a mesma coisa. Muito embora tenham pontos em comum, como, por exemplo, o fato de serem acontecimentos de rua, de massa e festivos, divergem frontalmente em sua essência. Um, o Carnaval, é de cunho profano e o outro, o Círio, é de cunho religioso.
Sim, sei que Dalcídio Jurandir, nome de proa da literatura, não só paraense, amazônica, mas, sem favor nenhum, brasileira e, mais, universal, isto dito por quem entende do riscado, afirmou, ignoro por qual razão, mas, seja ela qual for, totalmente equivocada, para dizer o menos, denominou-o “carnaval devoto”.
Não, não que não: nunca, nuncras, núncaras, nunquinha, mas quando já! Repito: Carnaval é Carnaval, Círio é Círio. Portanto, gente ilustre dos edifícios e repartições, por amor à Verdade, parem de, ainda que bem intencionados, parem de carnavalizar com suas serpentinas e quejandos. Já repararam o que acontece com muitas delas? A resposta, por falta de espaço e para causar suspense, fica para a próxima edição. Shalom!
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