Antes de entrar no assunto de hoje, permita-se-me, para desencargo de consciência, retificar um errinho aparecido em meu artigo da semana passada. Ao me referir ao pe. Giovanni Incampo, escrevi que a ele se devia, entre outras benemerências, a introdução das oportuníssimas e benéficas peregrinações de imagens da Virgem ao maior número possível de famílias. Pois não é que, em lugar do adjetivo oportuníssimas, saiu importuníssimas? Feita a ratificação, comecemos.
Ainda estou para ver alguém que saiba tanto sobre o nosso Círio, que o conheça tão a fundo quanto Mízar Bonna. Prova-o à saciedade seu livro “Meus 80 Círios”, que bem poderia ter como subtítulo sem, em meu entender, estar faltando com a verdade, pequena enciclopédia nazarena. Nem poderia ser diferente, uma vez que Evandro, seu esposo, de 1965 até 2009, quando veio a falecer, só por dois anos não fez parte da Diretoria e ela, esses anos todos, sempre ali a seu lado, dando-lhe u’a mãozinha, aconselhando-o, animando-o, qual se fora seu Espírito Santo de saias.
Para se ter uma ideia de seu envolvimento com a Basílica de Nazaré e com tudo quanto lhe diz respeito, saiba-se que ela, a bem dizer, quase não saía de lá. Idealizou e desenhou – é exímia desenhista – nada menos que onze mantos, cada qual mais belo e significativo, para a imagem da Berlinda, e escreveu e publicou, como já se disse aqui noutra edição, seis livros, seis, sobre o Círio de Nazaré. Criou um boletim informativo sobre o Círio, para ficar, na sacristia da Basílica, à disposição de quem aparecesse por lá em busca de informações, ao depois transformado em livro, primorosamente editado pelo Falângola com o título de “Círio – painel de vida”.
Quando pároco de Nazaré, pe. Luciano Brambilla, o saudoso Brambillão, dono daquele vozeirão inconfundível, era só surgir por lá um problema, ou haver alguma dificuldade, para ele apelar: “Ô dona Mízar! Venha resolver isso aqui”, como se ela fora, e o era de fato, a quebra-galhos de Nazaré e, sobretudo do Círio, ou, como nosso povo costuma dizer, pau para toda obra.
Não há, praticamente, essa coisa boa, a ele relacionada, que não tenha sido ideia sua, ou em que não se veja seu dedo.
Alguns exemplos comprobatórios, para não se pensar, que estou imaginando, ou, pior, mentindo.
Criou e desenhou, como escrevi aí em cima, nada menos que onze mantos para a imagem da Berlinda, cinco dos quais com nomes, nenhum deles aleatório, todos com sua razão de ser: ou retratavam símbolos, invenção sua, com a devida aprovação do pe. Ramos, ou falavam de um fato relevante acontecido no mundo católico nesse ano, como, por exemplo, o manto Belém em Missão, do Círio de 2008, que se referia ao projeto do mesmo nome então realizado pela Arquidiocese.
No tempo em que a Trasladação, para chegar à Catedral, vinha pela João Alfredo, desejando ela, acertadamente, vê-la iluminada à passagem do préstito, em 1966, sozinha, sem a ajuda de quem quer fosse, percorreu-a de ponta a ponta, foi de loja em loja, a bom pedir que cada uma se iluminasse, à sua passagem, o quanto possível. Pois não é que foi atendida por todas? Ficou uma beleza.
Sabem aquele arco permanente, à entrada da praça, na esquina da Generalíssimo?
Como meu espaço acabou agorinha, a resposta fica para a próxima edição. Shalom!
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