Miscelânea: Ainda os Eunucos

 
 
Ao voltar a falar dos eunucos, na edição passada, em atenção ao pedido de um leitor desejoso de saber como eles eram recebidos nos tempos bíblicos, limitei-me a falar dos espinhos que lhes atormentavam a existência, prometendo, ao final, por falta de espaço, que nesta de hoje veríamos as rosas, visto que, felizmente, como a de todo e qualquer mortal, seja ele quem for, a deles não era feita só de espinhos. 
 
Sem mais, comecemos: 
Para tomar conta dos haréns, locais, já o vimos aqui, destinados por reis e príncipes a suas mulheres – esposas e concubinas – escolhiam-se de preferência, – razões óbvias – eunucos, bem como para a educação dos filhos, em consequência do que, eunuco também podia significar camareiro.
 
Com o passar dos tempos, a palavra eunuco assumiu o sentido amplo de homem de confiança do rei, chegando os eunucos a ascender a posições importantes e influentes.
 
Exemplos comprobatórios: 
Em 2 reis 8,6 fala-se de um que era alto funcionário de Ben-Adad, rei da Síria. 
Nesse mesmo livro, em 9, 32s, os eunucos – a Bíblia diz “dois ou três” – que estavam a serviço da famigerada rainha Jezabel para protegê-la, atirarem-na, sem dó nem piedade, do alto da sacada em que se encontrava, causando-lhe a morte, em obediência às ordens de  Jeú, ungido rei pelo, então jovem, profeta Eliseu.
 
Um outro é Putifar, homem casado, que no Egito era ministro e mordomo do Faraó e, em Gn 39, 1, compra José dos Ismaelitas.
Em 1 Rs 22,9, um deles é alto funcionário do rei de Israel. Em 2 Rs 8,6, um outro também o é. 
Em 2 Rs 23,11, cita-se o nome de um deles, Natã-Melec, cujo quarto ficava à entrada do templo, junto aos cavalos dedicados ao sol pelos reis de Judá. 
Em At 8, 27, vemos, numa carruagem, de volta de uma peregrinação a Jerusalém, um deles, etíope, ministro da rainha Candace, lendo sem compreender um trecho do profeta Isaias , 56, 3 ss, que lhe será explicado por Filipe, a mando de Deus. 
 
Isaias, 56, 3 – 5, abre-lhes passagem para uma avaliação positiva, permitindo-lhes, assim como aos estrangeiros, participar da comunidade liberta de Israel. 
 
Enfim, no livro da Sb, 3, 14, lê-se, a seu respeito: “o eunuco que não cometeu delitos com as próprias mãos, e nem teve maus desejos contra o Senhor, por sua fidelidade receberá favores extraordinários e uma porção cobiçável no templo do Senhor!”
 
Por último, o exemplo dos monges de Qumrã: eram todos celibatários, ou seja, eunucos.
Talvez haja mais a dizer sobre o assunto. Quanto a mim, infelizmente, isso aí de cima, reconheço que pouco, é tudo que sei. Sorry. Shalon

 
 
 
 

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