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Antes de prosseguir o estudo dos ensinamentos de Jesus durante sua longa viagem a Jerusalém (Lc 9, 31-19, 40), sinto-me na obrigação – e o faço deveras comovido e com a maior alegria – de agradecer de público a bela e expressiva matéria, estampada na edição passada deste jornal, sempre generoso para comigo, referente ao vigésimo quinto aniversário de minha ordenação presbiteral, ocorrida em 25 de janeiro de 1992.
Aproveito o ensejo para uma pequena retificação, a meu ver imprescindível a bem da verdade. No trecho final da citada matéria, onde se lê que ser padre, textualmente, “me enche de alegria, por ter sido objeto dessa graça merecida”, substitua-se a palavra merecida, pois que não a disse, por imerecida, que foi a que falei. Nem que eu fosse o pior dos cabotinos, teria tido a audácia e a insensatez de me achar merecendente do sacerdócio. Mas quando! Ninguém o é, foi ou jamais o será. Nem mesmo o maior dos santos. Pura graça de Deus, consequentemente, gratuita e imerecida, sempre e sempre.
Feita a devida ressalva, continuemos, sem mais, o estudo a que me referi no iniciozinho destes rabiscos.
Se bem me lembro, meu artigo anterior terminou com o pedido feito a Jesus por certa mulher chamada por ele a segui-lo:
– Senhor, deixa-me primeiro ir enterrar meu pai (Lc 9, 59).
Comecemos, portanto, com a pronta resposta de Jesus a ela:
– Deixa que os mortos enterrem seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus. (Lc 9,60).
Jesus, aí, explicam os biblistas, jogando com o duplo sentido da palavra mortos, o físico e o espiritual, quer dizer-lhe: “Deixa que os mortos espirituais, isto é, os que recusaram a vida do reino de Deus, enterrem seus mortos físicos.”
Com esse ensinamento, Jesus nos faz saber que segui-lo requer necessariamente considerar secundária, de somenos, qualquer outra obrigação, uma vez que Ele, por ser quem é, – o primordial – é, e porque é tem de ser, sempre e sempre, a prioridade número um, cabendo-lhe, pois, de pleno direito, a primazia em tudo e por tudo, sobre tudo o mais.
Sim, sei: há os mortos a serem sepultados. Mas e daí? Até hoje jamais se ouvir falar em um único cadáver, mesmo dos que não tinham mais nenhum parente neste mundo, que tenha ficado insepulto. Sempre logo aparecerá alguém para sepultá-lo o quanto antes, se não por caridade, simplesmente para se livrar do mau cheiro.
Quanto a evangelizar, caso a caso, é trabalho individual, a quem foi chamado para ele, intransferível, cada qual com sua missão e seu campo de ação. E, se o escolhido se furtar a ele, se não o cumprir e a contento, sabe-se lá quantas e quantas almas correrão o sério risco de se perder! E aí, olha a culpa! E, com a culpa, a pena. E que pena!
A uma terceira pessoa que lhe diz “Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me da minha família” Jesus sentencia:
– “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reino de Deus. (Lc 9,61s)”.
Ensinamento: no seguimento é imprescindível a perseverança, sem o que, de todo impossível ficar com Jesus. E sem Jesus, seja-se quem se for, o que se é? Nada, ninguém, existência vazia, sem razão de ser.
Em síntese final: exigências para o seguimento de Jesus: disponibilidade contínua, permanente, renúncia a quaisquer seguranças e firme perseverança.
Quem, aí, se habilita, para o seu bem? Umbora, antes que seja tarde!
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Miscelânea: Lições de Jesus durante a longa viagem a Jerusalém (II)
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