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Hoje, como prometi em nossa edição passada, continuaremos a ver, lógico que até onde der, o que o povo hebreu do AT considerava impuro.
Os países estrangeiros, já o vimos, eram-no, pelo fato de adorarem outros deuses e não o seu, que o único verdadeiro.
Prosseguindo, vejamos alguns exemplos.
No livro de Tobias, Tobit relata que, no exílio, em Nínive, textualmente, “todos os meus parentes e companheiros comiam alimentos dos pagãos (dos estrangeiros), mas eu evitei fazê-lo.” (Tb 1, 1s).
Na corte do rei da Babilônia, Daniel, um dos jovens israelitas selecionados para servir no palácio real, fez o firme propósito de não se contaminar com os manjares e o vinho da mesa real e pediu ao chefe dos eunucos que o dispensasse dessa contaminação.
Como o homem se mostrasse receioso, – “tenho medo do rei, meu senhor, que vos destinou a ração de comida e bebida.” (a ele, Daniel, e a seus três outros companheiros Ananias, Misael e Azarias). “Se vos vê mais magros que vossos companheiros (os outros jovens selecionados para o serviço real), arrisco minha cabeça” – Daniel lhe faz a seguinte proposta: durante dez dias, ele dar-lhes-á apenas legumes e água. Findo esse prazo, ele comparará o aspecto dos quatro com o dos demais e os tratará de acordo com o resultado.
Compadecido, o homem aceita a proposta. Ao final dos dez dias, todos quatro tinham melhor aspecto e estavam mais gordos que os demais e assim ficaram livres da tal ração destinada pelo rei, podendo alimentar-se permanentemente só de legumes (Dn 1, 8-16).
Em Esdras, (6, 19 – 21), lê-se que, depois de cinquenta anos de exílio na Babilônia, “os repatriados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. Os levitas se haviam purificado em conjunto; por isso estavam puros. Então imolaram a Páscoa para todos os repatriados, para seus irmãos sacerdotes e para si mesmos. Comeram a Páscoa os israelitas que tinham voltado do exílio e todos os que tinham evitado contaminar-se e se uniram aos israelitas para aderir a Javé, o Deus de Israel.”
Mais tarde, chegou-se até a evitar qualquer contato com estrangeiros. Isto, por serem incircuncisos e, consequentemente, tidos como causadores de impureza.
Três exemplos comprobatórios:
Em At 10, 25-29, ao entrar na residência de certo pagão de nome Cornélio, capitão da coorte Itálica em Cesaréia, a seu convite, Pedro lhe diz:
– “Sabeis que é proibido a qualquer judeu juntar-se a pessoas de outra raça ou visitá-las. Mas a mim Deus ensinou que eu não considere profano ou impuro nenhum homem. Por isso, quando me chamastes, vim sem resistir.”
Mais adiante (At 11, 3), ao subir o mesmo Pedro a Jerusalém, judeus convertidos discutem com ele, recriminando-o por ter entrado em casa de incircuncisos e comer com eles.
Enfim, para não me alongar: relata-nos João em seu Evangelho (18,28) que os aprisionadores de Jesus, ao levarem-no a Pilatos, não entraram em seu palácio, para evitar contaminar-se e poderem comer a Páscoa, pelo que ele, apesar de autoridade, quero crer que em respeito às suas leis, saiu de lá e foi até onde eles estavam.
Mas, afinal, o que e quem eram impuros para esse povo e em que consistiam, para ele, a pureza e a impureza?
É o que veremos na semana vindoura. Shalom!
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Miscelânea: Lições de Jesus durante a longa viagem a Jerusalém (VI)
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