Miscelânea: Maldição (VII)

 
 
 

Assim como, na semana passada, em continuação ao estudo da palavra maldição na Bíblia, a pedido de um leitor, vimos aqui os textos bíblicos em que essa palavra aparece uma única vez, hoje veremos, pela ordem, aqueles em que ela aparece duas vezes. 
 
São três os livros do Primeiro Testamento, comumente chamado de Antigo e, por alguns, (que horror!), de Velho, em que isso ocorre. São eles: Gênesis, Juízes e Isaías. No Segundo Testamento, nenhum. 
 
No Gênesis, em 27,12s; em Isaías, em 24, 6 e em 65,15. Vejamo-los em detalhes: 
 
Em Gênesis, 27,12s, Jacó a Rebeca, sua mãe, que, tendo ouvido o marido cego, Isaac, dizer a seu filho Esaú “Traze-me uma caça e prepara-a para que eu a coma. Quero abençoar-te na presença do Senhor, antes de morrer,” aconselhara-o a, antecipando-se ao irmão, levar ao pai dois dos seus melhores cabritos, preparados por ela a capricho, como ele gostava, e assim receber a bênção destinada a Esaú: 
 
– “Sabes que meu irmão Esaú é peludo e eu tenho a pele lisa. Se meu pai me apalpar, verá que eu estou sendo um embusteiro e atrairei sobre mim a maldição em lugar da bênção.”
 
Em Gênesis 22,13, Rebeca a Jacó: 
 
– “Caia sobre mim a maldição, meu filho.”
 
Se alguns dos meus possíveis leitores estiverem interessados no desfecho desse episódio, recomendo-lhe a leitura de todo o capítulo, o 27º do Gênesis.
 
Em Juízes: a primeira vez, em 9,57; a segunda, em 17,2. Em 9,57 lê-se: “E todo o mal que os de Siquém fizeram, Deus o fez recair sobre eles. caiu sobre eles a maldição de Joatão, filho de Jerobaal”. Em 17,2, Micas confessa a sua mãe: “aqueles mil e cem siclos que desapareceram, pelos quais pronunciaste uma maldição em minha presença, vê, esse dinheiro está comigo, eu o peguei.” 
 
Diz Isaías em 24,6: “por isso (ou seja: pelos pecados de seus habitantes) a maldição devora a terra.” E, em 65,15, o terceiro Isaías, em nome de Deus, aos maus: “fareis de vosso nome uma fórmula de maldição para meus eleitos; a vós o Senhor matará, e aos seus santos dará outro nome.”
 
Como ainda me resta espaço, veremos os textos em que a palavra em estudo aparece três vezes: no Primeiro Testamento, em Sl 10,7 e 109,17s, e em Malaquias 2,2; 3,9; 3,24. No Segundo Testamento, em Gálatas, 3,10; 13,3.
 
O Salmo 10,7 afirma: “maldição, fraude e violência lhe encheram a boca (a boca do ímpio). E o Salmo 109,17s: “ele os tem (o acusador do orante) amava a maldição, que recaia sobre ele.”… “vestia a maldição como um manto”, etc. 
 
Em Malaquias 2,2, diz o Senhor aos sacerdotes: “se não escutardes, se não levardes a sério dar glória ao meu nome, mandarei contra vós a maldição e amaldiçôo a vossa bênção.” Em Malaquias 3,9, Deus se dirige aos descendentes de Jacó: “Incorrestes em maldição porque a nação toda me engana.” E em Malaquias 3,24: “Ele fará se voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que eu não venha a ferir a terra com maldição.” 
 
Na carta aos Gálatas, São Paulo, em 3,10, ao comparar os que são justificados pelas obras da lei com os que o são pela fé, diz dos primeiros: …“esses estão debaixo da maldição”, etc. E, na mesma carta e no mesmo capítulo, por duas vezes três versículos adiante: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, tornando-se maldição por nós, porque está escrito (Dt 21,23): “maldito aquele que é suspenso ao madeiro.”   
 
E antes que um leitor me amaldiçoe, mesmo que só mentalmente, agastado com minha prolixidade, trato de me ir. Na próxima edição voltarei ao assunto, uma vez que ainda há muito que ver. Shalom! 
 
 

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