Miscelânea: Maldição (X)

 
 
 

 
Tendo visto, na semana passada, o primeiro dos dois textos bíblicos, o Livro dos Números, em que a palavra maldição aparece dez vezes, hoje veremos o segundo, o profeta Jeremias, em continuação ao estudo que aqui vimos fazendo desse termo, em atenção ao pedido de um leitor, para mim uma ordem.
 
Uma observação inicial: enquanto a Concordância da Sociedade Bíblica do Brasil lista, no caso, apenas sete vezes, todas elas no singular, – 23,10; 24, 4; 25, 18; 26,6; 29,22; 42,18 e 44,12 – a Católica de que disponho, na verdade só duas páginas, ambas com a listagem da palavra em questão, traz nove no singular – 23,10; 24,9; 25,18; 29,18; 29,22; 42,10; 44,8; 44,22; 49,13 – e uma no plural: 11, 8. Ficando na Católica, como se pode ver, faltam-lhe duas das trazidas pela Sociedade Bíblica, 26,6 e 44,12, enquanto que, nesta, quatro das estampadas na Católica: 11,8; 29,18; 44,22 e 49,13.
 
Curioso e, mais que curioso, intrigado, corro a consultar minhas oitos bíblias que costumo cotejar, – a de Jerusalém, a do Peregrino, a Ecumênica, a do Pão Nosso, a Pastoral, a Loyola, a Na linguagem de hoje e a da CNBB – e constato, vá o galicismo, que em cinco delas – na de Jerusalém, na do Peregrino, na Pão Nosso, na da Loyola e na da CNBB – lá está ela, em 26,6 no singular, maldição, e uma vez no plural, maldições, na Ecumênica, como na concordância da Sociedade Bíblica. 
 
As duas restantes, a Pastoral e a na Linguagem de hoje, buscando ser originais, ou, o que mais provável, facilitar a compreensão, em meu entender saem-se mal. A Pastoral: “Dessa cidade farei uma coisa maldita para todos os povos da Terra.” A na linguagem de hoje (arg) é pior: “Todas as nações deste mundo usarão o nome desta cidade para jogar pragas.”
 
Quanto a 44,12, apenas três delas, a do Peregrino, a Loyola e a Ecumênica, registram-na: as duas primeiras no singular e a última no plural. Assim:
 
A do Peregrino: … “Serão execração e espanto, maldição e caçoada. ”A Ecumênica: … “Entrarão no rol das imprecações, das maldições e das injúrias.” A Loyola: … “Tornar-se-ão objeto de … maldição e opróbrio.” 
As outras cinco, cada qual de um jeito, como se não fossem a tradução de um mesmo original. 
A de Jerusalém, exemplaríssima em tantos outros pontos: … “Serão objeto de escárnio, estupefação, desprezo e ódio.”
 
A Pão Nosso: “Serão objeto de escárnio, estupefação, desprezo e opróbio.”
A Pastoral: … “Se tornarão uma coisa maldita,”  etc.
 
A na Linguagem de hoje: … “Os outros zombarão deles e usarão seu nome para jogar pragas.”
E, até, pasme-se, a da CNBB: “Serão amaldiçoados, desgraçados, desprezados, envergonhados.”
Para não me tornar também eu alvo de tudo isso aí, ou, quem sabe, de muito pior, por parte do leitor que, apesar de paciente, para lá de agastado com tanta citação, prudentemente, ponto final. Shalom!
 

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