Miscelânia: Água Lustral

 
Permita-me o prezado leitor atender a dois pedidos que me foram feitos há poucos dias.
Um deles é a explicação do que seja água lustral, expressão usada por mim na edição passada aqui de Miscelânea. 

Comecemos pela palavra lustral. Ela é um adjetivo que designa tudo aquilo que serve para lustrar, ou seja, para dar brilho, tornar brilhante ou polido e, por extensão, purificar, limpar.

 
 
Assim, por exemplo, escreve o mestre Machado de Assis, à página 252 de seu famoso romance “Quincas Borba”: “Era falso que dona Tonica não lustrasse as unhas.” E Jorge Medauar, à página 121 de sua obra “Água Preta”: “apreciava o marido feito lorde, o cabelo lustrando de brilhantina.” E o grande poeta Cruz e Souza, em “Últimos Sonetos”: “vamos fazer dos áridos rochedos/ manar água lustral e apetecida/ pelo ansioso coração bebida/ no silêncio e na sombra d’arvoredo.” E ainda ele, no mesmo livro: “Noss’alma fica na clarividência/ dos astros, dos anjos e dos santos / fica lavada na lustral dos prantos.”
 
Se lustral, como se acaba de afirmar, é tudo aquilo que serve para limpar, purificar, água lustral é, logicamente, aquela cuja função purificar.
 
Para os povos antigos, água lustral era a água sagrada, obtida extinguindo-se na água comum um tição ardente extraído da pira dos sacrifícios. Pira, em sentido restrito, era a fogueira em que se incineravam os cadáveres. Em sentido amplo, qualquer fogueira.
 
No mundo católico, chamamos a água do Batismo de água lustral. Com toda a propriedade, uma vez que, para nós, ela é, simultaneamente, sinal e instrumento de purificação. 
 
O segundo pedido é a respeito dos Eunucos, assunto de nossa edição de 10-16 de março. Quem a fez deseja saber o que se pensava deles, como eram vistos e tratados nos tempos bíblicos.

Como a resposta demanda um bom espaço e este meu, de hoje, está praticamente chegando ao fim, deixo-a para a semana vindoura, se até lá ainda estiver aqui por baixo, dando trabalho a quem convive comigo.
Shalom. 

 
 

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