Missão na Amazônia ocorre no Rio Tajapuru, na ilha do Marajó

Foto: Divulgação.
 
Em comunhão com Prelazia do Marajó, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), da Conferência Nacional do Bispo do Brasil (CNBB), do Regional Norte 2 (Pará e Amapá) realiza a “Missão na Amazônia” no Rio Tajapuru, entre os municípios de Breves e Melgaço, no Marajó, de 18 a 26. A missão faz parte da dinâmica do Sínodo para a Amazônia e objetiva despertar a mística nas comunidades, o valor da vida e o valor do ser humano. A ação evangelizadora será desenvolvida por missionários e visa alcançar a comunidade ribeirinha através de visitas às famílias, momentos celebrativos e formativos.  

A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) promove a 5° edição da “Missão na Amazônia”, que busca estar junto das pessoas empobrecidas, ouvindo os seus clamores, procurando identificar suas realidades e dar respostas. A primeira, em 2015, ocorreu em Santarém. A segunda e a terceira, respectivamente, em 2016 e 2017, ambas em Macapá. A quarta, em 2018, no Marajó. A proposta da CRB nacional, agora, ocorre em âmbito regional, com a articulação do Bispo da Prelazia do Marajó, Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM. Em abril deste ano, foi realizada a Pré-Missão no entorno do rio Tajapuru, em preparação para a Missão na Amazônia, que visa alcançar cerca de 40 comunidades, pertencentes à Matriz da Paróquia de Sant’Ana, em Breves (PA).

Segundo Dom Evaristo Spengler, OFM, a missão vai ser um momento forte, e terá continuidade. “A ideia é estar junto com as comunidades ribeirinhas, na dinâmica do Sínodo que o Papa pede – uma Igreja presente, uma Igreja que esteja junto com o povo, uma Igreja Samaritana. E, nesse sentido, essa missão não vai ser um momento pontual, ela vai ser um momento forte, que vai ter uma continuidade tanto na assistência religiosas às famílias, como também na busca de algumas soluções sociais”, disse o bispo.

A missão conta com  um grupo específico de 45 missionários de várias congregações de vários estados brasileiros. O grupo que realiza a missão é denominado de “Novas Gerações”, ou seja, religiosos com até  dez anos de votos perpétuos.

Ir. Jucélia de Jesus Silva, da Congregação Filhas de Maria Auxiliadora, coordenadora da CRB do Regional Norte 2 (Pará e Amapá), explica que a missão atende o Plano Nacional da Conferência dos Religiosos do Brasil e uma das prioridades é ouvir o clamor dos pobres da terra, justamente pelo atual tempo de Igreja, cujo olhar está para a Amazônia.

Para a religiosa, os missionários escutarão os clamores, os desejos, para daí, sim, poder levar uma resposta. “Nós, enquanto, missionários percebemos esse grito que vem da Amazônia, como podemos ser respostas a esses gritos? Então, dentro desse contexto de preparação para o Sínodo que já vem há algum tempo, a gente quer ser resposta a esses gritos. Antes de tudo, é fundamental, termos uma atitude de escuta, pois não teremos respostas sem perceber quais são as suas maiores necessidades”.

Envio

Na terça-feira, 16, Solenidade de Nossa Senhora do Carmo, às 18h, na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, o Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, presidiu a Santa Missa e na ocasião concedeu a benção de envio aos 45 missionários vindos de alguns estados brasileiros para a experiência missionária no Rio Tajapuru, no Marajó.   

Quarta-feira, 17, na da Casa Prelazia do Marajó, bairro do Canudos, houve formação voltada aos missionários, uma verdadeira imersão, que visou interá-los desde o contexto social aos religiosos e políticos da área. A formação foi ministrada pelo Frei Atilho, que contextualizou a parte histórica e cultural e pela irmã Henriqueta Cavalcante, coordenadora da Comissão Justiça e Paz, que abordou a temática da exploração sexual. Quinta-feira, 18, embarcaram para a missão.  

Missão

À chegada dos missionários, dia 19, eles serão divididos em 17 grupos, cada um voltará sua atenção a três comunidades, onde eles vão experimentar a realidade daquele povo, pois vão ficar hospedados na casa dos ribeirinhos, oportunidade de conhecer de perto os desafios desse povo que vive às margens do rio Tajapuru, que sobrevive da pesca e do cultivo do açaí, e é assolada pela exploração sexual e pela pirataria. Dom Evaristo Spengler ressalta que no período de missão as comunidades terão novos objetivos de vida. “A fé, é claro, vai ter um desabrochar muito grande na vida dessas comunidades e dessas pessoas, buscando um novo objetivo de vida”.  

A missão abrange visitas às famílias, momentos celebrativos e formativos, e segue até o dia 26, Festa Litúrgica de Sant’Ana, e segundo a religiosa, Jucélia de Jesus, o momento de ouvir. “Esse é um período, como Igreja presente na Amazônia, de nós conseguirmos perceber, identificar e sermos mais ainda como congregações, nos inquietarmos, mas de que forma podemos ser essa resposta, porque não é fácil, é um desafio, mas a gente tem que realmente se dispor a ouvir”.  

Religiosos

Desbravar o rio Tajapuru é o que os 45 religiosos e religiosas de várias congregações e estados brasileiros vão fazer durante os dias de missão, com o propósito de fortalecer a dimensão da fé. Muitos, não conhecem a realidade local, mas sabem que podem que podem contribuir em várias dimensões, visando transformar a realidade dos ribeirinhos. O leigo Paulo Gomes, natural de Curitiba, atuou na Pastoral da Criança durante 10 anos e até hoje é atuante na caminhada de Igreja. Ele é um dos missionários.

Segundo Paulo Gomes, a intenção é contribuir levando a Palavra de Deus e, assim fortalecer a dimensão da fé. “A expectativa é de encontrar algo novo e poder conhecer essa realidade e contribuir com a Palavra de Deus, estando junto desse povo, junto das comunidades e fazendo com que desperte nelas o interesse o valor pela Palavra de Jesus, pela missão da Igreja, pela transformação da vida das comunidades".

Paulo contunua: "Eu creio que a missão é o momento que possa transformar e que eles vão se unir, se fortalecer e juntos buscar algo novo que vai mudar a vida social, que vai fortalecer a dimensão da fé, a dimensão religiosa e também o serviço para o outro e de forma comunitária e participativa”.

Natural do Estado do Pará, do município de Tucumã, a religiosa Leidiane Paes, da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, está em missão em Porto Alegre (RS), e participa da missão pela primeira vez. Segundo a religiosa Leidiane Paes, a expectativa é grande, pois vai conhecer a realidade própria do povo no Marajó. “Eu tenho muita expectativa de conhecer o local e, mais que isso, me inteirar da realidade do meu povo, desses povos que moram aqui e poder colaborar trazendo essa perspectiva de um Jesus que vai ao encontro, de uma Igreja que vai ao encontro dos seus. E eu sou Igreja, eles também são Igreja e, com isso, eu que me encontrar e também encontrar neles esse rosto humano de Deus, que Deus revela em cada um de nós”.

Estudante de Teologia, Leidiane atua no projeto social de formação de pessoas em Porto Alegre, e deixa claro o que espera após a missão: “Eu quero levar um pouco dessa realidade e poder entusiasmar eles também para conhecer essa realidade e colaborar com a minha gente, com o meu povo. A minha ideia é levar isso, compartilhar, e que eles se apaixonem por esse pedaçinho do Brasil, concluiu a missionária. 

 

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