Mundo juvenil e a fé cristã: Aspectos do perfil da jovem Maria (I parte)

 

Estamos nos aproximando do dia da conclusão da Festividade de Nossa Senhora de Nazaré ano 2017. O Recírio é uma espécie de convite à recordação dos compromissos e das lições colhidas durante os dias de intensas atividades religiosas: encontros em família, visitas, celebrações eucarísticas, retiros, romarias, confraternizações, shows, promessas e pregações. Após tão rica vivência, nada disso deve ser esquecido!
 
Nestas linhas quero convidá-lo, caro leitor, sobretudo a você jovem, a voltar seu olhar meditativo para a figura de Maria, e a fazer uma espécie de síntese do perfil da jovem Maria de Nazaré. A vida de Maria, conforme os dados dos Evangelhos, é profundamente rica de qualidades que não podem nos passar despercebidamente. Jamais esqueça o seu íntimo vínculo com a pessoa do seu Filho Jesus Cristo. A devoção a Maria, sem Jesus Cristo, é doentia!
 
A nossa devoção a Nossa Senhora não será suficientemente saudável e significativa se não considerarmos as suas qualidades, ou seja, as suas virtudes, as suas atitudes, a vivência da sua fé, suas próprias escolhas. É necessário que sempre estejamos numa atitude de contínua purificação da nossa devoção mariana para não perdermos o essencial para a nossa fé e assim podermos imitá-la. Se ficarmos só com a sua imagem, mas distante do seu comportamento histórico, sem nada relacionar à sua vida e nem buscar concretizar suas virtudes em nossa vida, então a devoção fica estéril e perdemos tempo! 
 
Maria, uma mulher jovem
Muitas vezes as pinturas nos apresentam Maria como uma mulher adulta com seu bebê ao colo. Na verdade, a noiva de José era muito jovem. Conforme os costumes judaicos, as jovens se casavam muito cedo, por volta dos 15 anos. Maria é, antes de tudo, uma jovem! Apesar da idade, madura! 
 
Toda jovem judia sadia, consciente dos seus compromissos diante da vida, inserida em sua cultura, desejava casar-se e ter muitos filhos. O fato de a jovem Maria estar na fila do matrimônio significava normalidade de vida, saúde psico-afetiva, consciência juvenil, entusiasmo diante da vida, vivacidade. 
 
– Lição para os jovens:
Deus conta com essa jovem para ser a porta de entrada no mundo do Salvador da humanidade. Maria é a portadora da Esperança, da Salvação do mundo. Ela, enquanto jovem, não somente é portadora da virtude da jovialidade, mas é, sobretudo, a portadora do “Vinho novo” (Jesus) que anima, alegra e salva a humanidade (cf. Jo 2,1-11).
 
Em Maria Deus aposta e confia na juventude e lhe entrega uma sublime missão! Deus continua a chamar e a confiar nos jovens de hoje! Para isso, é preciso que você, jovem, não se disperse, não tenha medo de abraçar desafios na Igreja, que se disponha à escuta do chamado de Deus, que se permita viver a experiência de se deixar levar por Deus! 
 
Maria, uma jovem Cidadã de Nazaré
Maria, a mãe de Jesus, quando recebeu o chamado divino era uma jovem cidadã que morava numa vila chamada Nazaré. A vila, enquanto tal, não tinha boa fama, por isso o jovem Natanael, ao ouvir Felipe falar que Jesus era de Nazaré, logo questiona: “De Nazaré pode vir algo de bom?” (Jo 1,46). Esse rapaz era preconceituoso!
 
A jovem nazarena, noiva de José, fez a diferença e deixou a mais profunda marca positiva em sua vila, marca esta que jamais a história apagará. Ela mesma profetizou: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,47).
 
Por isso, passados mais de dois mil anos, cantamos: “Maria de Nazaré, Maria me cativou!”. Ela cativava a todos por suas virtudes, sua sensibilidade, sua simplicidade de vida, seu cuidado; zelava pelos bons costumes de seu povo, de sua família e, religiosamente, participava da vida de sua comunidade.
 
Gestante, deu grande testemunho de cidadania através da obediência ao decreto do imperador César Augusto que exigiu o recenseamento de todo o império (cf. Lc 2,1). A jovem Maria era uma obediente cidadã. Não era acomodada, alienada e nem indiferente ao que se passava ao seu redor e nem rebelde! Cumpria suas responsabilidades civis! 
 
– Lição para os jovens:
Não pode se dizer bom cristão o jovem que não é bom cidadão. Em Maria os compromissos de cidadania estão profundamente unidos ao seu testemunho de fé. Não podemos separar a fé dos deveres da cidadania. Também hoje, os jovens são chamados a testemunhar essa profunda relação entre fé e cidadania. Os jovens cada vez mais podem ser profetas da renovação do mundo e da Igreja. 
 
Maria, uma jovem Virgem e Virtuosa
A virgindade de Maria é mencionada com ênfase pelos Evangelistas (cf. Mt 1,23; Lc 1,27). A virgindade de uma moça era uma das suas mais importantes virtudes, sinal de boa conduta moral, e também condição para a celebração do casamento válido (cf. Dt 22,14-15).
 
Mas a virgindade de Maria vai muito além da condição física. Trata-se de uma realidade muito profunda: tem uma dimensão física, moral, religiosa, espiritual, familiar. A jovem Maria é modelo de integridade total, de plena santidade. A integridade física é reflexo da sua grandeza e beleza moral, do conjunto de suas virtudes, da sua autenticidade espiritual, da fidelidade aos seus princípios religiosos e a paixão indissolúvel pelo bem-estar de sua família.
 
Podemos resumir que Maria era uma jovem muito virtuosa, que tinha valores sólidos, que era portadora de profundas convicções morais: contida, casta, disciplinada, preservada, honesta, firme, justa, reflexiva, solidária, crítica! 
 
– Lição para os jovens:
Maria era uma jovem pura, não contaminada por males morais, sem o influxo das ideologias e nem das pressões machistas e hedonistas do seu tempo. Soube preservar-se, valorizar-se, manter-se íntegra! Num mundo profundamente tentado pela idolatria do prazer, do lazer e das aventuras afetivas e sexuais, como a “onda do ficar”, a jovem Maria de Nazaré desponta como mestra e modelo para ser seguido pelos jovens de hoje.
 
REFLEXÃO:
1: Você já parou para fazer a avaliação da sua participação nas diversas atividades da festividade de Nossa Senhora de Nazaré? O que ficará de ganho e crescimento? O que precisa ser melhorado?
 
2: Você concorda que o jovem “bom cristão” deve também ser um “bom cidadão”? Por quê?
 
3: O que você entende sobre a “virgindade moral” profundamente relacionada à integridade da Vida? Isso é importante para os jovens de hoje?
 
 
 
 
 

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