Padre Mometti: uma vida dedicada à querida Amazônia

No último dia 20 de fevereiro de 2024, faleceu em Belém, o Padre Giovanni Mometti, missionário italiano incardinado na Arquidiocese de Belém. Nascido em Brescia-Itália, no dia 29/07/1936, aos 20 anos de idade lança-se para o Brasil como missionário Salesiano, realizando longa viagem a bordo do navio Paolo Toscanelli, que aportou em Recife, Pernambuco, em 27 de dezembro de 1956.

Seu primeiro contato com a região amazônica, ocorreu pela primeira vez na década de 60, tendo lecionado no Colégio Salesiano do Carmo, onde permaneceu por três anos. Em 31 de julho de 1966 é ordenado presbítero em São Paulo, posteriormente, retornando à Itália para cursar Missiologia na Universidade Gregoriana de Roma.

Após retornar de Roma na década de 70, Padre Giovanni Mometti, atuou como secretário do Provincial dos Salesianos e, posteriormente,realizou outras missões sob a coordenação de Dom Alberto Gaudêncio Ramos, então Arcebispo de Belém: na Comissão Pastoral para Amazônia, como conselheiro, Comissão Pastoral da Terra, Comissão Indígena Missionária, dentre outros organismos.

Em 1972, inicia seus trabalhos pastorais na Paróquia de São Sebastião, em Igarapé-Açu, até então pertencente à Arquidiocese de Belém. Com espírito missionário e vocação salesiana, Padre Giovanni revolucionou a catequese e a vida das comunidades paroquias. Sempre foi um grande defensor da reforma agrária, da produção alimentícia para todos.

Como fundador do Movimento Voluntários Inter Brasileiros para a Amazônia “João XXIII” (VIBRA) promoveu diversos projetos de formação profissional e assistência a população igarapéaçuense e até em Belém. Foi um grande incentivador da implantação da Educação Superior na região, inclusive cedendo a estrutura do VIBRA para a implantação do Campus da Universidade do Estado do Pará em Igarapé-Açu no ano de 1998.

Sua voz em defesa do povo da Amazônia, chegou a ecoar longinquamente, até a sede da Igreja, no Vaticano, onde, por várias vezes, esteve junto aos Sumos Pontífices para levar o retrato de sofrimento que o povo de Deus vivencia nesta querida e abençoada terra, tais como os hansenianos da Colônia do Prata e camponeses. Pelos seus mais de 50 anos dedicados ao povo amazônico, foi convidado, pessoalmente, pelo Papa Francisco para a ser padre auditor no Sínodo para a Amazônia.

Faleceu defendendo a retomada de um projeto de Assistência aos mais necessitados, intitulado Projeto “Novo Moisés”, que consiste na escavação de tanques para criação de peixes e distribuição às famílias mais carentes.

Na manhã de ontem, 21, encerrando as homenagens, ocorreu uma Celebração Eucarística na Igreja Matriz de São Sebastião no município de Igarapé-Açu, onde o Padre Giovanni foi pároco por muitos anos. A celebração foi presidida por Dom Carlos Verzeletti, bispo da Diocese de Castanhal, e concelebrada por Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar de Belém, e numerosos padres das duas dioceses, além da presença massiva dos paroquianos daquela comunidade. O sepultamento ocorreu na Capela do Cemitério da Cidade, sendo a bênção do túmulo conduzida pelo Padre João Ricardo Aleixo, pároco local.

Por ElitonJanio Araújo Ferreira – Candidato ao Diaconato Permanente na Diocese de Castanhal, pesquisador sobre a História da Paróquia de São Sebastião, pedagogo e Mestre em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia. E-mail: elitonaraujo@gmail.com

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