“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve”(Mt23,11).
Dirigindo-se à multidão que o seguia, Jesus anunciava a novidade do estilo de vida daqueles que querem ser seus discípulos, um estilo “contracorrente” diante da mentalidade mais difundida.1
Naquele tempo, como também hoje, era fácil fazer discursos moralistas e depois não viver coerentemente, mas, em vez disso, procurar para si posições de prestígio no contexto social, maneiras de ficar em relevo e de servir-se dos outros para obter vantagens pessoais.
Mas aos seus discípulos Jesus pede uma lógica totalmente diferente nas relações com os outros, aquela que Ele mesmo viveu:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Em um encontro com pessoas desejosas de descobrir como se vive o Evangelho, Chiara Lubich partilhou deste modo a sua experiência espiritual:
“Deve-se sempre fixar o olhar no único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhas de um único Pai. (…) Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma: a sermos filhos de um só Pai e a sermos irmãos uns dos outros. (…) Portanto, Deus nos chamava à fraternidade universal”.2
É essa a novidade: amar a todos, como fez Jesus, porque todos– como eu, como você, como qualquer pessoa na terra – são filhos de Deus, amados e esperados desde sempre por Ele.
Desse modo descobrimos que o irmão a ser amado concretamente, “também com os músculos”, é cada uma daquelas pessoas que encontramos diariamente. É o papai, a sogra, o filho pequeno, o filho revoltado. É o detento, o mendigo e o deficiente. É o chefe da repartição e é a faxineira. É o companheiro de partido e é aquele que tem ideias políticas diferentes das nossas. É quem tem a nossa mesma fé e cultura, mas também o estrangeiro.
A atitude tipicamente cristã para amar o irmão é colocar-se a seu serviço:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Diz ainda Chiara: “Aspirar constantemente ao primado evangélico, colocando-se o mais possível a serviço do próximo. (…) E qual é o modo melhor de servir? Fazer-se “um” com cada pessoa que encontramos, sentindo em nós os seus sentimentos: assumi-los como coisa nossa, que se tornou nossa pelo amor. (…) Ou seja: não mais viver fechados em nós mesmos; procurar carregar os seus pesos, compartilhar as suas alegrias”.3
Toda e qualquer capacidade e qualidade positiva que tenhamos, tudo aquilo que nos possa fazer sentir “grandes” é uma ocasião imperdível de serviço: a experiência profissional, a sensibilidade artística, a cultura, como também a capacidade de sorrir e de fazer sorrir; o tempo que podemos oferecer para escutar a quem tem dúvidas ou está sofrendo; as energias da juventude, como também a força da oração, quando a força física se desvanece.
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
E esse amor evangélico, desinteressado, mais cedo ou mais tarde acende no coração do irmão o mesmo desejo de partilha, renovando os relacionamentos na família, na paróquia, nos lugares de trabalho ou de lazer e colocando as bases para uma nova sociedade.
Hermez, um adolescente do Oriente Médio, conta: “Era domingo. Assim que acordei pedi a Jesus que me iluminasse o dia todo no meu modo de amar. Percebi que meus pais tinham ido à Missa e me veio a ideia de limpar e arrumar a casa. Procurei caprichar em todos os detalhes, até mesmo com flores em cima da mesa! Depois preparei o café da manhã, arrumando tudo. Quando voltaram, meus pais ficaram surpresos e muito felizes com o que encontraram. Naquele domingo tomamos café mais felizes do que nunca, conversando sobre muitas coisas, e consegui contar para eles as muitas experiências que tinha vivido durante a semana. Aquele pequeno ato de amor tinha dado o toque para um dia maravilhoso!”
Letizia Magri
1 Cf. Mt 23,1-12.
2 Cf. C.
Lubich, A unidade nos albores do Movimento dos Focolares. Payerne (Suíça), 26 de setembro de 1982.
3Ibidem.
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