Pontificado de Francisco – 11 anos – Entre sinodalidade e o novo impulso do Evangelho

O 11º aniversário da eleição papal celebra o chamado à santidade no mundo contemporâneo

“A Igreja é o Evangelho. Isso significa que a medida da vida missionária da Igreja é essa fonte sempre nova de água viva, que flui para o mundo a partir de Jesus, e que constantemente renova sua face, impulsionando-a sempre para frente, para fora”, assim o monsenhor Piero Coda resume o governo do Papa Francisco no transcurso dos 11 anos da eleição do Santo Padre, celebrados a 13 de março passado. Coda é secretário-geral da Comissão Teológica Internacional, órgão criado para ajudar o Dicastério da Doutrina da Fé a examinar as questões doutrinárias mais importantes para a Igreja.

Santidade
Mons. Coda ressalta que entre as revoluções que caracterizaram esses 11 anos do ministério petrino de Francisco, uma nota é primordial: a que o liga à exortação apostólica sobre o chamado à santidade no mundo contemporâneo Gaudete et exsultate que, de certa forma, lembra a constituição dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium do Concílio Vaticano II. “O povo de Deus é santo: santo não porque seja perfeito, mas porque está investido da santidade de Jesus no Espírito. E cada um de nós é chamado à santidade por ser misericordioso, assim como nosso Pai que está nos céus. Uma santidade que o Papa frequentemente nos lembra como deve ser: fruto do amor, especialmente em relação aos últimos, aos descartados”.
Renovação do processo sinodal

Outra renovação essencial para a Igreja introduzida por Francisco foi o grande processo sinodal iniciado muitos anos após a instituição do Sínodo dos Bispos por Paulo VI. “Esse processo retoma aquela mudança na vida e na missão da Igreja desejada pelo Concílio e a leva a um estágio de encarnação mais profundo, mais radical e mais difundido. A colegialidade episcopal e a comunhão entre as Igrejas locais na única Igreja de Jesus, se estendem e se manifestam através da participação de todos os batizados, de todos os carismas e de todas as vocações do Povo de Deus, precisamente através da sinodalidade como forma original da missão da Igreja.

Reforma da Cúria e impulso missionário
A reforma da Cúria Romana com a constituição apostólica PraediacateEvangelium, o ímpeto missionário da “Igreja em saída”, a cultura do encontro e do diálogo, o novo compromisso com o ecumenismo e o trabalho pastoral marcado pela misericórdia são características distintivas do pontificado de Francisco que derivam diretamente do processo de sinodalidade, uma determinante essencial.

Diplomacia e paz
A paz, nesses 11 anos, assumiu uma característica considerada profética por monsenhor Coda. “É profética porque desde o início, quando ninguém ainda dizia isso, o Santo Padre enfatizou que já estamos vivendo uma terceira guerra mundial em pedaços, e hoje estamos vendo isso de maneira impressionante. É nesse contexto dramático que o Papa está dando força ao Evangelho da paz”, analisa o secretário.

Novos paradigmas da teologia
Aqueles que exercem a ciência teológica tem sido chamados pelo Papa por todo esse tempo para não permanecerem “fechados em uma torre de marfim, mas para descerem ao meio do Povo de Deus para compreendê-lo e apoiá-lo. Essa também foi uma revolução histórica, diz monsenhor Coda, que lembra a “constituição apostólica VeritatisGaudium sobre a reforma dos estudos teológicos e a nova página aberta pela mensagem de Francisco à teologia para que ela possa assumir uma metodologia de encontro e proximidade no contexto mediterrâneo”.

Graças ao impulso de Francisco, conclui Coda, “a teologia é agora chamada a uma profunda reforma. Se a teologia do século XX amadureceu, com a experiência do Povo de Deus, o extraordinário evento do Concílio Vaticano II, hoje somos chamados a colocar em prática uma teologia que se torne intérprete, promotora e servidora de uma nova etapa de evangelização”.

Fotos: Vatican Media

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