Privilégio de ser católico: A expulsão e a volta dos Jesuítas – II

 
A política do Marquês de Pombal para Portugal e suas colônias ia de encontro aos princípios da Companhia de Jesus.  Ele realizava uma reforma político-econômica e seu meio-irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, então governador do Grão Pará e Maranhão, precisava implantá-la aqui. Entre outras medidas, desejava a Lei da Liberdade dos Índios; a Lei da Abolição do Governo Temporal das aldeias administradas pelos religiosos; a instituição da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (que cerceou o comércio dos missionários), e o redimensionamento da presença dos religiosos na região. Os interesses da coroa conflitavam com os dos padres. Pombal, que fez Portugal avançar em vários sentidos, não dividiria o poder com ninguém. No território que hoje corresponde ao Pará e ao Maranhão, 155 jesuítas, espalhados por 17 aldeias, dois colégios e um seminário, administravam mais de 100 mil cabeças de gado no Marajó, 25 fazendas de cultivo agrícola e criação de gado, 3 engenhos produtores de açúcar, uma olaria, além da atividade de extração das  “drogas do sertão”. O prejuízo que a expulsão acarretou para a economia e, sobretudo, para a educação dos paraenses foi enorme. De uma hora para outra, faltaram professores e comida na mesa, além, é claro, de orientação espiritual, missas e tudo que conduzisse a um tipo de vida que a Companhia pregava. Com a vitória pombalina, os jesuítas tiveram que ir embora às pressas, como se fossem malfeitores, e o projeto acabou. Há um século, porém, eles voltaram. Mas aquela lacuna jamais seria preenchida. Em Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, é tido como um magnífico reformador do Estado e da vida nacional. Entre nós, além desse reconhecimento histórico, há a grande mágoa pelo que fez aos jesuítas e ao Pará. O retorno da Ordem fica para a próxima semana.
 

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