Privilégio de ser católico: Católicos parados no estacionamento

 
Na semana passada, o Papa disse uma coisa que teve a dimensão de uma advertência para a Igreja inteira. Ele alertou os católicos – leigos e religiosos (citou os padres, as freiras, os bispos, os consagrados, todo mundo) – para o comodismo a que nos entregamos (eu também).  Criticou os que se acomodam na fé, não trabalham para mudar as estruturas injustas da vida e afirmou que muita gente transforma a Igreja num grande estacionamento de preguiçosos. 
 
Francisco foi duro no pronunciamento, porque conhece, melhor do que ninguém, a realidade que administra. Quando chama de preguiçosos os que se aquietam, é porque não dispõe de uma palavra melhor. Suavizar, abrandar, amolecer seria manter-se conivente com a moleza de quem acha que a Igreja de Cristo é um grande sombreiro, sob o qual cada um pode descansar, sem precisar olhar para o lado. Como fala para que todos entendam, disse em bom e claro italiano: a Igreja não é lugar onde os que não querem agir em favor da vida possam se esconder. 
 
A proposta de transformação do mundo que de que fala o Papa passa ao largo do comodismo. Ele já definiu a Igreja como um hospital de campanha, ao qual acorrem os feridos pela guerra do cotidiano, onde devem ficar de plantão médicos, cirurgiões, enfermeiros, psicólogos, cozinheiros, agentes de limpeza, todos, enfim, que atuam nesse tipo de serviço.  
 
Estar na Igreja significa ajudar a mover as estruturas para frente e para o alto. Para frente, enquanto caminhamos nesta vida. Para o alto, na preparação para o que virá. Quem não quiser participar do mutirão permanente pela vida não é digno de ser contado entre os membros de uma igreja que é santa, mas tocada por pecadores que devem aspirar à santidade.  Ser Igreja é ser solidário. E solidariedade só se realiza na ação.

 

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