Privilégio de ser católico: Olhares sobre o Círio (III)

 
Motivo de manifestações de toda ordem, nas redes sociais e nas conversas, a rapidez com que o Círio foi conduzido se transformou em polêmica. Da diretoria – que não tem pressa em fazer o Círio chegar, e, sim, compromisso com a beleza do evento, porque faz o Círio para a cidade e não para si mesma, ouvi explicações bastante convincentes para o ritmo da procissão: o fechamento de transversais da avenida Nazaré bem mais cedo do que habitualmente; a não-realização, este ano, do espetáculo dos fogos, no Boulevard, (lá se consumia quase meia hora), menos paradas da berlinda e facilidade no manejo da corda, sobretudo nas curvas, além de o atrelamento acontecer quase no meio do Boulevard Castilhos França, muito contribuíram para a rapidez tão criticada.
 
O que se coloca como centro da observação é a velocidade do Círio. Escuto, e concordo, que o romeiro se cansa, que o sol maltrata, que todos querem almoçar mais cedo e que o sistema de transporte público de Belém, no segundo domingo de outubro, dificulta a vida de todos. Mas também acolho as ponderações de quem prefere ver um Círio mais longo, estendido até perto de 13 horas. Há a voz do turista que, desinformado (ou mal informado por quem o traz a Belém) sobre o andamento do cortejo, nem sempre consegue ver a santa passar. 
Tão difícil quanto colocar o Círio na rua é mantê-lo íntegro até à chegada. Quando a corda é cortada, o ritmo tende a mudar. Quem corta a corda apressa o Círio, coloca vidas em risco e, se não bastasse o vandalismo, interrompe o sonho do promesseiro, com a finalidade de vender pedacinhos da corda. Isso só acontece, porque há quem se disponha a comprar. Sem receptador, não há crime que compense.
 
Todos os anos as questões da velocidade do Círio e do corte da corda são levantadas. Muito já tem sido feito, mas a solução definitiva ainda está por vir.
 
 

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