Há quase quarenta dias estamos, os católicos, atravessando, simbolicamente, o deserto ao lado de Jesus, cuja memória do julgamento, condenação, morte e ressurreição celebramos nestes dias santos. Ele fez a última ceia com seus discípulos, instituiu a Eucaristia, foi traído, experimentou a humilhação e a injustiça. Morto barbaramente, voltou do reino dos mortos e iluminou o palco da vida, afastando, de vez, a sombra da dúvida. O lado de lá existe e seu retorno provou que o fim não é, efetivamente, o fim.
Quando celebramos a ressurreição de Jesus, não podemos restringir esse momento especial – o mais importante da fé católica, base integral de nossa fé – à sua dimensão histórica, mas entender profundamente o conteúdo da lição. A ressurreição deve acontecer todos os dias para o homem e não apenas neste momento. O modelo do Cristo que volta em plena glória deve ser aprendido e vivido cotidianamente.
Cair e levantar, sozinho ou com o auxílio dos irmãos Cirineus, aqueles que nos ajudam a carregar nossa cruz de todo dia, é um ensinamento prático. O mundo moderno, à sua maneira, humilha e cerca o homem de injustiças. Muitas vezes o aprisiona e o condena a viver dependendo do que é exterior às suas verdadeiras necessidades. Jesus, que não deixou bens, mas um testamento sagrado que, há dois mil anos, faz da humanidade sua grande beneficiária, precisa ressuscitar em nós o sentimento de liberdade.
A criatura desenhada à imagem e semelhança do Senhor deve agir como Ele. Ressuscitar, intimamente, todos os dias, o Cristo que deixamos morrer em nós é a Páscoa eterna. Para sermos efetivamente dignos da filiação divina, não podemos trazer Jesus Cristo morto em nosso coração, como um pingente ou uma escultura. Ele deve estar vivíssimo para que possamos, de verdade, comemorar a Páscoa, mais uma, a de 2017, plenos de Sua presença.
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Privilégio de ser católico: Ressuscitar na eterna Páscoa
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