Privilégio de ser católico:Irmã Marília e o poema para Belém

 
Quando concedeu o primeiro prêmio do concurso literário “Cidade de Belém” ao trabalho da irmã Marília Menezes, a Academia Paraense de Letras acertou duas vezes. A primeira, propositalmente, alcançou o brilho estético de um longo poema – uma canção, eu diria – em homenagem à cidade que, em 2016, completou quatro séculos de vida. A segunda, fora da perspectiva do certame, mas, seguramente, ideia central do trabalho da religiosa, foi a consagração de uma catequese muitíssimo bem elaborada.
 
O apelo apostólico daqueles versos me fez lembrar não a poesia do pai da homenageada da noite – duas vezes premiada pela Academia no mesmo concurso -, o grande poeta e ex-presidente da instituição, Bruno de Menezes, de que, segundo o acadêmico Alcyr Meira, irmã Marília trouxe o DNA da poesia, mas a de Anchieta, o apóstolo do Brasil e santo de nossa Igreja. 
 
Anchieta usava de todos os meios disponíveis para difundir o evangelho. O teatro e a poesia, nos domínios da estética, foram os principais. Irmã Marília fez desse trabalho uma causa evangelizadora. Seus versos – como os que produziu sobre Belém – possuem o refinamento de quem muito  estudou e leu poesia.  A louvação à “casa do pão”, significado do nome Belém, a quem consagra os 400 anos de evangelização nas terras de Santa Maria do Grão-Pará, está revestida não apenas do amor pela cidade, mas, sobretudo, pela dedicação à vida que abraçou desde jovem e que ainda faz arder seu coração apaixonado de esposa de Jesus.
 
Valer-se do fazer poético para, ao mesmo tempo, falar do amor pela cidade e da fé não é tarefa para qualquer um. Em geral, os poetas não conseguem abraçar os dois propósitos. Ou cantam, ou rezam. Ela celebrou a oração em seu sentido mais amplo com a lira e o resultado não poderia ter sido outro.  Trata-se de um belo texto feito por uma escritora de fina e rara sensibilidade. 

 

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