Quando esta edição da VOZ de NAZARÉ estiver nas ruas, a cidade já terá o Círio plenamente na alma. Trata-se do que as pessoas conhecem como “clima de Círio”, um sentimento generalizado, envolvimento profundo, íntimo, mais do que subjetivo, com o amor que nos liga a Nossa Senhora.
Não falo apenas da alegria estampada no rosto das pessoas, na felicidade que paira sobre Belém, no cheiro de maniçoba que exala das casas, do corre-corre das famílias em preparação ao grande dia. Refiro-me, isto, sim, ao encantamento do espírito, daquela sensação maravilhosa que vai se apoderando da gente, à medida em que a hora se aproxima.
A semana está sendo plena de eventos. Os arcos – que ficaram lindos! -, as luzes, os carros expostos, a expectativa para as primeiras romarias, até que o Círio, enfim, ganhe as ruas. É, para mim, a semana mais feliz do ano todo.
Trazer o Círio na alma é coisa que não se explica muito bem, porque sentimentos são para ser vividos e não contados. Trata-se de coisa que avança de dentro para fora e explode, literalmente, no rosto, na forma de um sorriso ou de um pranto incontido. O clima de Círio é uma preparação, um envolvimento, uma forma de aderir ao momento presente, quando os irmãos se fazem mais irmãos e se reconhecem nessa condição, graças à Mãe que é de todos.
A dois dias do Círio, trago, como diria o poeta Manoel Bandeira, a alma embandeirada. Vivo a luminosidade interior de quem espera o ano inteiro por esse momento. Agradeço imensamente a Deus, porque me permitiu viver mais um ano para ver, viver e contribuir, minimamente que seja, para o brilho desse evento.
Viver o Círio é muito mais do que ver a berlinda passar. É estar com Nossa Senhora de Nazaré em todos os momentos da vida, numa convivência tão verdadeira quanto afetuosa de um filho com sua Mãe. Para nós, de Belém, de todos os seus filhos com a Padroeira.
Feliz e abençoado Círio!
|