Abertura da CF em Manaus

“Recordar a necessidade urgente de uma conversão ecológica”

Manaus, a maior cidade da Amazônia, é um claro exemplo de falta de cuidado com a Casa Comum. O descaso do poder público e a falta de consciência da população mostra a importância de a Campanha da Fraternidade abordar o tema da ecologia integral e fazer um chamado à conversão ecológica.

Um caminho que na arquidiocese de Manaus foi iniciado na manhã da Quarta-feira de Cinzas, 5, continuando uma tradição presente há muitos anos na Igreja da capital do Amazonas. Os bispos junto com todo o povo de Deus iniciaram uma caminhada nas portas da catedral de Nossa Senhora da Conceição para, percorrendo as ruas do centro da cidade, chegar na Orla do Rio Negro, onde foi realizada uma celebração da Palavra, presidida pelo arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich Steiner.

Uma caminhada que foi oportunidade para refletir sobre a moradia, a reciclagem, o cuidado com a água, as mudanças climáticas, para escutar a voz daqueles que sempre foram mestres no cuidado da casa comum, os povos indígenas. Mas também para realizar gestos concretos, como foi o plantio de várias mudas nos jardins do Santuário de Aparecida pelos bispos de Manaus, um gesto que depois se repetiu no Parque Rio Negro.

A Campanha da Fraternidade 2025 nos recorda, segundo salientou o cardeal Steiner, os 10 anos da Laudato Si´, “um texto belíssimo do Papa Francisco, que nos ilumina, vai iluminando a Igreja e a sociedade”, um texto baseado no Cântico das Criaturas de São Francisco, que “vem a nos recordar a necessidade urgente de uma conversão ecológica”, destacou o arcebispo de Manaus.

Comentando a parábola do semeador, lida na celebração, o cardeal Steiner ressaltou que “o semeador é um homem de esperança. Ele semeia, e nem todas as sementes chegam a dar fruto, mas ele semeia”, fazendo um chamado para poder descobrir que “a Campanha da Fraternidade deste ano quer que cada um de nós, mulheres e homens, sejamos de esperança”. Junto com isso, ele pediu que “semeemos uma ecologia integral, semeemos sempre, despertemos sempre, ajudemos a abrir os olhos para que realmente a ecologia seja integral, quer dizer, seja de todos, todas as criaturas sejam respeitadas, cuidadas. Todas as criaturas, conforme o texto de Papa Francisco, sejam cultivadas.”

O arcebispo de Manaus disse que “nós, com a Campanha da Fraternidade, queremos recordar alguns pecados nossos. Nós queremos abordar as realidades difíceis que nós vivemos, os nossos rios que se enchem de mercúrio, as nossas florestas que são devastadas pelo garimpo, pela ganância da madeira, os nossos peixes que são roubados e vendidos. Queremos recordar também que o saneamento básico na nossa cidade ainda é pouco.” Diante dessa realidade, o cardeal Steiner pediu nesta quaresma, “fazer o caminho da conversão ecológica”, pedindo a contribuição de todos, “porque, dando a nossa contribuição, seremos também nós, semeadores e semeadoras da esperança de uma ecologia integral”, recordando algumas iniciativas presentes na Igreja de Manaus e fazendo um convite a outras novas, pois assim, “devagarinho vamos dando uma contribuição para que a nossa ecologia realmente seja integral”, e a Igreja de Manaus, irá “mostrar que estamos dispostos a nos converter junto à ecologia.”

No final da celebração, o arcebispo de Manaus insistiu na necessidade de gestos concretos, como é o fato de evitar que o lixo acabe nos igarapés, recordando que se isso fosse assumido pelas mais de mil comunidades que fazem parte da Igreja de Manaus, “só isso já seria uma benção enorme”. Um pedido que é uma urgência, pois no momento em que o arcebispo falava, uma balsa recolhia toneladas de resíduos das águas do Rio Negro, um fato comum nos rios e igarapés da cidade de Manaus.

O cardeal Steiner fez um pedido à Igreja de Manaus: “lá na comunidade, reflitam, discutam, vamos tentar fazer esse gesto durante a campanha e depois da campanha levar adiante, reflitam isso para que assim nós possamos dar uma contribuição realmente grande na Campanha da Fraternidade.” Ele recordou o Papa Francisco, internado no Hospital Gemelli de Roma, “que sempre nos animou tanto no caminho da ecologia integral, sempre nos colocou diante dos olhos a necessidade de uma conversão ecológica e de maneira insistente. Nós queremos também acompanhá-lo com as nossas orações nesse momento de sofrimento, para que ele possa nos ajudar a sermos realmente testemunhas de uma ecologia integral, mas especialmente missionários, missionárias de Jesus.”

Fonte: Regional Norte 1 / Por Luis Miguel Modino

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