A mobilização da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) em Belém (PA) para a COP30 desenhou-se como um processo contínuo, que começou com a celebração dos saberes locais e se desdobrou em ações concretas de educação e resistência territorial.
O Início: Saberes e Sabores da Amazônia
O primeiro dia (9/11) do Circuito Pan-Amazônico de Saberes e Sabores da Amazônia, promovido pela REPAM-Brasil, estabeleceu o tom do engajamento: um dia focado na escuta das dores e esperanças da região. O evento, realizado na sede do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBBN2, funcionou como um espaço de integração em torno da Casa Comum e da economia solidária. Um dos destaques foi a Feira do Bem-Viver, que expôs produtos da agricultura familiar e artesanato de diversos biomas, incluindo biojoias, ervas medicinais e alimentos agroecológicos, celebrando a diversidade produtiva da Amazônia e do Brasil. A programação também incluiu a exibição de um documentário da REPAM-Colômbia sobre a gestão comunitária da água, reforçando a importância vital deste recurso para a vida e os direitos das populações locais.
A Ponte entre a Escola e o Clima: O Legado da Professora Lady Anne
A partir dessa base de escuta e valorização comunitária, a estratégia de conscientização avançou para a formação de novas lideranças. Um pilar essencial dessa mobilização foi a atuação da professora Lady Anne Souza, coordenadora Regional da Pastoral da Educação CNBB NORTE 2. Sua participação ativa em seminários, como o promovido pela REPAM, sublinhou a necessidade de levar a justiça climática para dentro das salas de aula. Integrante da Comissão de Educação da Articulação da Igreja Rumo à COP30 da CNBB, Lady Anne foi fundamental na idealização e organização do livro “COP 30 nas escolas: Amigos da Casa Comum”, que transforma a ecologia integral em conteúdo didático para educadores.
Soluções Autênticas: A Voz dos Territórios
Essa base educacional se conectou diretamente com as experiências de resistência e sustentabilidade trazidas pelas comunidades durante a mesa de debate “Ecos da Amazônia: Verdadeiras Soluções que Nascem dos Povos das Florestas e das Águas”. Líderes de diversos regionais compartilharam como o “bem viver” já é uma realidade em seus territórios.
No Acre, Irmã Maria Augusta exemplificou a inspiração dos empates de Chico Mendes, destacando a formação de 22 jovens agentes ambientais que promovem mudanças concretas como a compostagem e a eliminação do plástico. Em Mato Grosso, a liderança indígena e negra Miguelina Martinha apresentou alternativas concretas de economia solidária e agroecologia, desenvolvidas em parceria com universidades e Cáritas, como resposta à violência do agronegócio.
As falas convergiram para a reafirmação da espiritualidade da Querida Amazônia e do chamado do Papa Francisco à conversão ecológica. A mensagem central, capturada pela fala de Irmã Augusta, foi que a eficácia das soluções climáticas reside no compromisso prático: “Flui o trabalho quando acontece essa realidade: escuta e presença no território”. A união entre a formação educacional robusta e a sabedoria dos povos da floresta e das águas é o caminho para a defesa da vida e dos ecossistemas amazônicos.
Fonte: Regional Norte 2 / Por VívianMarler / Fotos REPAM




