Sal e Luz: Julho, tempo de anunciar


 
 
Iniciamos o mês de julho, para mim, tempo de comemorar mais um ano de abençoadas bodas e de envelhecer um “tiquinho” a mais, de acompanhar o tempo de férias da turminha da escola e de estar mais perto dos de casa. Julho é o tempo também dos opostos, enquanto há recesso e certa preguiça para alguns, há trabalho redobrado para outros, como a turma da segurança pública, que tem neste mês o maior período de atuação em todo o estado. É o mês do sol no chamado “verão amazônico”, que tem o seu charme especial, uma pitada de nostalgia e aquele bronze que deixa a marca nos rostos e na vida de quem aproveita para conjugar o verbo paraense “veranear”, o que inclui os banhos geladinhos nos igarapés, o registro das selfies, de um belo por de sol, poder andar descalço na areia, curtir a chuva sem remorso e a água doce ou salgada que temos abundantemente por aqui. Dá até para dormir mais um pouquinho embora os dias pareçam começar mais cedo que o habitual, contudo é sempre bom lembrar que, como dizia minha mãe, “a fé não tira férias” e como cristãos precisamos sempre estar a serviço da evangelização e da caridade, neste e em qualquer tempo, seguindo os quatro passos virtuosos de uma vida de esperança, na certeza do bem que é o Senhor; crer, celebrar o que crê, viver para celebrar o que crê e rezar para com sabedoria viver a experiência desta celebração no cotidiano de nossa história, eis o caminho todo o tempo em nossa aventura terrena.
 
 E na concordância desta consciência cristã, Papa Francisco nos alerta a intenção deste mês “Nunca esqueçamos que nossa alegria é Jesus Cristo, seu amor fiel e inesgotável. Quando um cristão está triste, isso significa que ele se afastou de Jesus. Nesses momentos não devemos ficar sozinhos. Devemos oferecer a esperança cristã: com nossa palavra, nosso testemunho, com nossa liberdade, nossa alegria. Peçamos pelos nossos irmãos que se afastaram da fé, para que, através da nossa oração e testemunho evangélico, possam redescobrir a beleza da vida cristã”. Que bela intenção, ao mesmo tempo desafiadora proposta que não nos permite sair da rota, esquecer da meta que buscamos que é o céu. Em tempos de diversão e de certa flexibilidade proporcionada pelo período julino, muitos exageram nos prazeres materiais, perdem-se nos vícios e fazem da soberba do ter uma forma de demonstrar autossuficiência que, entretanto, desmorona rapidamente diante da dor e do sofrimento. Nesta insensatez, tornam-se indiferentes aos tantos que sofrem a angústia das perdas que em todos nós tem caráter pedagógico e de favorecimento à percepção de nossas fragilidades humanas, de nossas limitações e fracassos que são fenômenos comuns, mas que podem levar os que estão enfraquecidos na fé ao desespero, à depressão, ao desprezo da vida.
 
 Francisco nos recorda que em qualquer tempo somos missionários do amor, estamos a serviço do Evangelho e temos de desapegar das falsas seguranças deste mundo, testemunhando o bem, afinal, tudo que amamos neste mundo perderemos um dia; nossas forças, habilidades, nossos bens e até as pessoas que nos são tão caras, por isso, nada é efetivamente nosso daí a necessidade da busca do que realmente é perene, eterno, vivo, imortal.
 Nas sábias palavras do Papa, percebemos o que realmente é bom, o que nos dá a verdadeira e interminável alegria, Jesus, que como se intitula a bela música de Bach, é “a alegria dos homens”, Jesus que precisa ser anunciado para tantos que precisam de carinho, acolhida e principalmente, de amor e perdão. Penso que em tantas oportunidades que teremos neste mês de sorrisos, não deixemos passar as oportunidades de gerar, como Maria fez e faz, este Cristo em cada jovem, idoso, criança que tivermos a alegria de cruzar o caminho, e seja este encontro, arte da vida como dizia o poetinha, capaz de mudar o rumo dos que não creem ou estão fragilizados em sua fé para olhar o sol da vida, aquele que não conhece ocaso e abrir-se ao seu amor. Que assim seja. 

 

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