Sal e Luz: Orando com o Papa


 
 
“Que, num mundo dividido, os cristãos testemunhem a alegria e a força da união”, este é o último trecho da oração do mês de janeiro que o Papa Francisco construiu, juntamente com a intenção mensal para o primeiro mês do ano. Neste janeiro, o Pontífice destacou que “a oração em comum e os gestos de caridade devem ser um sinal visível da resposta que a Igreja traz aos desafios da humanidade”, não é um convite, mas uma condição como cristãos que nos exorta a fazer como o Senhor fez. 
 
 Alegria, União, Oração, Caridade. Mais que palavras, Francisco nos instiga na oração a vivermos como comunidade de irmãos, mesmo com as diferenças; como na fenomenologia, somos impelidos a colocar “em suspenso” o que nos separa e dar ênfase ao que nos une; seja contra a loucura do terrorismo e das ditaduras que mataram e matam milhares de pessoas em todos os tempos da história humana e atualmente não é diferente, seja contra a luta insana pelo poder e dinheiro que vimos estarrecidos neste começo de 2017 nas penitenciárias do norte do país, uma das maiores barbáries da história recente, não podemos deixar de perceber o quanto temos fracassado como gênero humano, nos destruindo e virando as costas ao Criador, gerimos muito mal o dom da vida e da liberdade. Sem o Senhor, não teremos jamais referências da bondade, da justiça, da paz. 
 
Temos vivido como quase passivos espectadores da corrupção que virou marca da politicagem nacional, somos reféns do medo e da violência que invade as nossas ruas.  Mas o que dizer quando esta violência nasce em muitas das nossas famílias de diversas formas, quando desatentos, permitimos que as ondas da web e da tv, dos diversos meios de comunicação, dos programas e seriados, novelas e até jornais televisivos mal intencionados das grandes redes, formem nossa opinião? O que nos indigna então quando estes mesmos meios ditam os contravalores que cultuamos e o comportamento que adotamos em nossa intimidade de família, de comunidade; quando nos permitimos ser moldados a pensar e agir como o mundo, esquecendo do conselho do apóstolo “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12,2)? Paulo adverte para que não tomemos a forma de idólatras do prazer, do dinheiro, do poder que o mundo oferece em embalagens luminosas e cheias de brilho e encantamento, mas é preciso coragem para ser cristão, católico, para não agir como o “homem velho” que o nosso batismo fez ficar no passado, a fim de não viramos “sal” sem gosto, luz escondida que não consegue iluminar ninguém, para não nos transformarmos, como dizia o saudoso padre Léo, em “fami-Ilhas” que, isoladas da comunidade, não se fazem santuários da vida nem anunciam a Boa Nova, muito menos vivenciam o Amor. Alegria, união, oração, caridade, eis a meta.

Mais do que um ano bom, de “fora para dentro”, precisamos fazer deste 2017 um ano de paz, de “dentro para fora”, a partir de nós, de nossa consciência e compromisso pela união neste caminho de vida e verdade. As palavras de Francisco – Alegria, união, oração, caridade- ressoam em nós. Precisamos, portanto, que elas se materializem em nossas atitudes, em nossas intenções, em nossas decisões. Vivemos ansiosos e cada vez mais intolerantes no mundo indiferente e competitivo que premia os vencedores e arrasa os que não conquistaram o topo, cultua o sucesso e por isso traz o desespero diante do fracasso e da mesma forma fugaz que “ensina” a viver deste modo, quer desesperadamente fugir do sofrimento e da dor e descartar aqueles que são rotulados como marginalizados.
É mesmo urgente a intenção pela “unidade de todos os cristãos”, conhecer e integrar ações colaborativas entre as confissões cristãs diversas no serviço aos que mais sofrem, aos mais pobres e excluídos, realizar atividades em comum aos irmãos perdidos nas vielas do mundo, tudo em nome daquele que, ao morrer por nós, carregou o peso de nossos pecados e nos deu a esperança da vida eterna. Jesus ao abrir seus braços na cruz em oblação, ao nos dar seu corpo e sangue na Santa Eucaristia, nos faz unidos a Ele, comprometidos com este ideal de paz e de caridade.
As falsas e antigas soluções para conter a violência e a criminalidade de nossos dias não surtem, como jamais conseguiram, efeito duradouro, muito menos definitivo. Não há motivos que justifiquem ferir ninguém, nada compensa a guerra, o crime, o pecado e a morte, para os que são cidadãos do céu. Só a Paz é importante e a Paz tem um nome, é uma Pessoa, o Verbo Encarnado, a Sabedoria Eterna, o Alfa e o Ômega, Caminho, Verdade e Vida, Jesus. Alegria, União, Oração, Caridade. Assim seja na esperança de um ano bom! 

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