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Olá meu irmão e minha irmã. Eis que o tempo avança e já estamos vivendo em pleno tempo pascal. O Senhor, morto e ressuscitado caminha conosco.
Mas atenção! Eu falei morto e ressuscitado e não morto e reencarnado. Digo isso pela confusão que ainda se faz presente entre muitos católicos. Ainda existem pessoas que participam da Missa, comungam, que levam uma vida atuante na Igreja, mas que, ao mesmo tempo acreditam na reencarnação sem se aperceber da absurda contradição em que vivem.
Antes de continuar, permita-me uma brevíssima consideração: que fique claro, não tenho autoridade magisterial alguma para dizer o que pode ou o que não pode, o que deve ou o que não deve. Ao mesmo tempo não escrevo estas linhas para atacar ou condenar ninguém. Pretendo apenas apresentar um texto catequético (e até certo ponto apologético), fundamentado na Doutrina da Igreja, com o objetivo de colaborar na formação de muitos irmãos carentes de catequese profunda.
Voltando ao assunto: afinal o que é e em que consiste a crença na reencarnação?
Em linhas gerais podemos dizer que a reencarnação consiste na crença segundo a qual uma alma deve nasce e renascer sucessivas vezes de modo a passar por um processo de evolução até se tornar um “espírito de luz” e, desse modo cessar as mortes e nascimentos.
A reencarnação se funda na crença de que existe um “carma” (lei de causa e efeito), onde todo sofrimento é um castigo que decorre de erros passados. Entenda-se “erros passados” como “vidas passadas”.
A turma reencarnacionista se gaba dizendo que essa crença existe (ainda que de modo diverso), deste muito tempo, em civilizações antigas. Dizem que encontramos essa crença em diversas civilizações da antiguidade. E é verdade. No entanto, esse recurso à antiguidade não é, por si só, não um argumento legitimador. Se assim fosse poderíamos usar o mesmo princípio para defender a existência da escravidão, já que era uma prática que existia em praticamente todas as civilizações da antiguidade e perdurando até épocas recentes. Alan Kardec (1804-1869) foi certamente o principal propagador e ordenador da crença reencarnacionista na modernidade através de vários livros.
O reencarnacionismo esconde certa sutileza que não é muito clara. Acreditar na reencarnação significa afirmar que a pessoa salva-se a si mesma através dos constantes mortes e nascimentos. Em outras palavras, não é Deus humanado, o Senhor Jesus Cristo que pela sua oferta na cruz e ressurreição quem nos salva. Para o reencarnacionismo o sacrifício de Nosso Senhor não foi redentor. A entrega amorosa na cruz não passa de um bom exemplo. Jonas Eduardo da Costa diz que “o bom senso mostra que o homem é por si só incapaz de se libertar do mal (pecados imperfeições) e necessita de auxilio divino (sobrenatural) para se salvar. Deus quer participar da nossa história com a sua graça (charis). O cristão sabe que Jesus Cristo é que nos redime, nos salva: ‘Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas de sua graça’ (Ef1,6-8). No fim das contas a reencarnação nega a misericórdia de Deus”. Ou seja, de acordo com a concepção reencarnacionista, somos nós que, pelos nossos méritos, nos salvamos. Deus é um sujeito legalista que dá segundo os méritos de cada um. Não há espaço para a Misericórdia. A Misericórdia é o amor de alguém excelente em perfeição para conosco, imperfeitos. Obviamente esse amor não se dá por méritos nossos, se dá pela natureza do Amor que ama infinitamente. Isso que dizer que Deus não nos ama por sermos bons. Ele primeiro nos ama, se entrega por nós e para nós (na eucaristia), para que redimidos venhamos caminhar em perfeição.
A Igreja ensina: “Quando tivermos terminado ‘o único curso da nossa vida terrestre’ (Lg 48), não voltaremos mais a outras vidas terrestres, ‘Os homens devem morrer uma só vez’ (Hb 6,27). Não existe ‘reencarnação’ depois da morte” (CIC, 1013).
Sigamos em frente buscando pensar coma Igreja no serviço da Verdade. Fique com Nossa Senhora e São José.
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