Servindo à Verdade: Retiro

 
Olá, meu irmão e minha irmã. Existe em toda pessoa humana um desejo de infinitude que criatura nenhuma pode saciar. Essa abertura ao infinito manifesta-se mediante uma ânsia espiritual. Não é por acaso que cresce o “mercado” de ocultismo, de auto-ajuda, de Nova Era. Tudo isso configura o que, de modo bem geral, poderíamos reconhecer como espiritualidade.  
 
A espiritualidade deve ser cultivada, exercitada. Por isso a Igreja exorta-nos a, ao menos uma vez ao ano, realizarmos um retiro, de modo a descansar o corpo e exercitar a alma. É por isso que os religiosos, padres e diáconos dedicam alguns dias do ano para realizar retiro espiritual. Também muitos leigos ligados a algum Movimento ou Nova Comunidade realizam um tempo de retiro. Por outro lado, muitos católicos, que por motivos diversos não fazem um retiro espiritual. 
 
A correria da vida cotidiana praticamente nos afoga e isso pode resultar em raquitismo espiritual, pode resultar em perda de meta, de foco acerca daquilo que é mais essencial e que dá sentido à existência: Deus. Sem Ele, tudo se torna nada, a vida se torna morte. Sem Deus, crise de qualquer natureza faz-nos perder o caminho, cometer idolatrias, promover rixas e infidelidades. 
 
Faz poucos dias iniciamos a Quaresma recebendo as cinzas que são um sinal de compromisso espiritual. Não é, como pensa muita gente, um modo de “apagar os pecados” cometidos no carnaval. Quando a pessoa recebe as cinzas, ela está simbolicamente dizendo: eu me comprometo a fazer penitência para viver de acordo com a vontade de Deus. Em outras palavras, com a Quaresma entramos num período de retiro espiritual que culmina com a Páscoa. 
 
A Quaresma é o grande retiro, que todo católico é chamado a, dedicando-se à oração mais intensa, ao jejum, à esmola. No período quaresmal, devemos meditar sobre o que em nós nos afasta de maior intimidade com Deus. Posso testemunhar que o “Retiro Popular” de Dom Alberto Taveira é um instrumento valioso que pode nos ajudar muito. 
 
A palavra “Quaresma” quer significar 40 (neste caso quarenta dias). A Igreja, que é o novo Israel, sabe que o número 40 é muito significativo na tradição de Israel e na Bíblia. O número 40 normalmente indica um tempo especial: por vezes de purificação e preparação. Já no A.T. o povo de Israel passou por algumas “quaresmas”: 
No tempo de Noé o mundo estava afundado no pecado e Deus mandou um dilúvio que durou 40 dias (Gn 7,17). 
Moisés recebeu de Deus as Tábuas da Lei, porém precedido de um tempo de preparação (Ex 34,27-28). 
 
Depois de serem libertados da escravidão, os israelitas pecaram gravemente. Então, Deus viu que essas pessoas que Ele havia salvo da escravidão não estavam preparadas para entrar na Terra Prometida. O Senhor determinou que eles passassem 40 anos no deserto, até que nascesse outra geração que fosse temente a Deus e estivesse pronta para entrar na Terra Prometida (Nm 14,34). 
 
O profeta Elias, que estava correndo o risco de ser assassinado, caminha no deserto durante quarenta dias até encontrar Deus e ser salvo (1Rs 19,8). 
 
Também Jesus viveu uma quaresma quando se fez batizar por João e depois, conduzido pelo Espírito Santo, retira-se paro o deserto antes de iniciar sua vida pública (Mt 4, 1-11/ Mc 1, 19-12/ Lc 4, 1-13). 
 
A Igreja, em seus primórdios, viveu uma quaresma conduzida pelo próprio Ressuscitado em preparação à vinda do Paráclito (At 1,3). 
 
A missão da Igreja é continuar a missão de Jesus. Por isso ela, todos os anos, nos presenteia com a Quaresma. 
Tenha uma boa Quaresma. 
 
Sigamos em frente buscando pensar com a Igreja no serviço da Verdade. Fique com Nossa Senhora e São José. 

 
 
 
 
 

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