Aspectos querigmáticos do Ano Jubilar 2025

A eficácia da comunhão e vivência ou prática deste Ano Jubilar de Esperança, precisa partir do princípio de toda a evangelização, afinal, todo batizado, como ‘discípulo e missionário’, é convidado por Jesus Cristo ao “vem e segue-me” e ao κήρυγμα (quérigma), o anúncio fundamental que, segundo o Papa Francisco, tem como pressuposto a moção do Espírito Santo: “transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras palavras persuasivas de sabedoria”.

Jubileu: Vaticano (Vatican Media)

O poder do querigma cristão reside em apresentar a Jesus três títulos principais: Messias, Senhor e Salvador. Contudo, Ele se deu a conhecer e ao apresentar-se na Sinagoga, o fez nos seguintes termos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lucas 4,18). Para os que se perguntam como colocar isso em prática, o Pontífice ofereceu duas orientações fundamentais: “a oração e a humildade de não pregar a si mesmo, mas a Cristo”. Equilibrando as paixões desordenadas.

O anúncio inicial do Evangelho, o despertar do Amor a Jesus Cristo através do querigma, é um passo necessário para todos os que procuram segui-Lo. Este primeiro anúncio da Boa Nova a quem ainda não conhece Cristo não é apenas uma teoria ou uma sugestão de práticas estéreis. É a Revelação do Amor de Deus (Uno e Trino) pela humanidade, através do Sacrifício (Cruz) de Seu Filho, Jesus: da Encarnação à Ressurreição, “com perseguição”.

A evangelização genuína começa com o querigma, que confere nova vida, uma experiência da Fé de Jesus Cristo, Boas Novas e capacitação espiritual. A evangelização adere a um processo distinto que não deve ser revertido, para não perder a potência inerente da Palavra Divina: Em primeiro lugar, Jesus, núcleo e fundamento da Boa Nova, Fonte de Esperança, a ser apresentado. Posteriormente, e somente posteriormente, ‘as verdades’, ‘leis’ e exigências de Jesus podem ser expostas.

A Porta está aberta e a peregrinação de esperança é uma excelente oportunidade do processo de evangelização, para produzirmos frutos de santidade; portanto, uma oportunidade única e tem três aspectos:

  1. Profética: A declaração verbal da Boa Nova é a Palavra proclamada. Qualquer anúncio feito pela Igreja através da Palavra, cai no âmbito da evangelização profética. Todas as palavras e pregações proclamadas, por mais breves que sejam, são feitas com o objetivo da Evangelização. O objetivo profético é que possamos conhecer, aceitar Jesus e se permitir ser transformados. Oprimeiro ‘ouvido’ é o meu e o seu.
  2. Sacerdotal: Palavra celebrada. A mais bela forma de evangelização sacerdotal encontra-se na Liturgia Eucarística, que contém evangelização profética e sacerdotal. O elemento profético está presente na Liturgia da Palavra (Mesa da Palavra), primeira parte da celebração eucarística. A segunda parte da Eucaristia é a Liturgia Eucarística (Mesa da Eucaristia), onde a Palavra é celebrada e vivida. A Palavra é celebrada e o Memorial da Palavra se atualiza na Eucaristia (“Tomai e Comei; Tomai e Bebei”; “verdadeira Comida e Bebida”); “a presentificação do único e eterno Sacrifício“: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, vivo no Sacramento da Eucaristia; Corpo, Sangue, Alma e Divindade, “Fonte e ápice da vida da Igreja”. Ele vive.
  3. Régia: A Palavra é viva e eficaz; é a Palavra que eu vivo; é estabelecer o Reino de Deus, em minha vida, em sua vida. Viver a Palavra de Deus é estabelecer o Reino, ♬anunciaremos Teu Senhor, Teu Reino, Teu Reino; Reino de Paz e de Justiça / Reino de Vida e Verdade / Teu Reino Senhor, Teu Reino♬. A Palavra de Deus transforma a minha vida, a minha sociedade e o meu mundo econômico, político, social, financeiro, cultural e educacional. Na evangelização vive-se a Palavra; é o estabelecimento do Reino dentro de nós: “Ele está no meio de nós”.

Desta maneira, podemos levar em consideração oito metas do Querigma, para este Jubileu de Esperança: 1°-Experienciar o Amor de Deus: o testemunho vivo e vivido comunica mais do que muitas palavras; 2°- Crescer na consciência do pecado diante de Deus: a consciência da dor e o arrependimento de ter ofendido a Deus, sempre nos coloca numa condição de necessitados de cura e libertação; apesar de, a minha condição  de pecador não me dar o direito de pecar; 3°- Favorecer o encontro pessoal com Jesus: a “Porta” deseja ardentemente esse encontro; 4°- Atitude de Fé: desejo profundo de mudança, um desejo de trocar sua vida pela vida de Jesus, crescer na Fé de Jesus Cristo;

5°- Aceitar, acolher e crescer na intimidade com Jesus:  “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, Eu com ele e ele comigo” (Apocalipse 3, 20); 6°- Pedir, receber e se deixar mover pelo Espírito Santo: para discernir e perceber, a todo instante, qual seja a Vontade do Pai; 7°- Integração na comunidade cristã: é a comunidade que pode ajudar a permanecer, a seguir amando a Jesus, a seguir e ir se deixando seduzir, a exemplo de Isaías, Jeremias e tantos  outros, através de Sua Palavra, dos Sacramentos, através de Sua Única Igreja e através dos irmãos; enfim, 8° Permitir uma transformação de vida: ajustar-se à vida de Jesus. Tudo isso é processo de conversão.

Em resumo, a nós, cabe o anúncio, querigma da Salvação, na Igreja Católica, apontar para a Esperança da Vida Eterna, que é a promessa de Deus, para aqueles que abraçam a mensagem da Salvação e vivem de acordo com o Evangelho, como consequência, a Conversão, mudança de vida. A Esperança da Vida Eterna é o fundamento da Fé Cristã, que nos sustenta em meio às dificuldades e desafios da vida. É um convite à renovação espiritual, que nos leva a uma profunda experiência de conversão e de encontro com Cristo (Porta). A proclamação do Querigma convida-nos a deixar para trás o pecado e a viver uma vida nova em Cristo, cheia de Amor, Esperança e Alegria.

“Senhor Jesus Cristo, Vós que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai celeste, e nos dissestes que, quem Vos vê, vê a Ele. Mostrai-nos a Vossa Face e seremos Salvos. O Vosso olhar amoroso libertou Zaqueu e Mateus da escravidão do dinheiro; a adúltera e Madalena de colocar a felicidade apenas numa criatura; fez Pedro chorar depois da traição, e assegurou o Paraíso ao ladrão arrependido. Fazei que cada um de nós considere como dirigida a si mesmo as palavras que dissestes à mulher samaritana: ‘Se tu conhecesses o dom de Deus!’ Vós sois o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua onipotência, sobretudo, com o perdão e a misericórdia: fazei que a Igreja faça o que precisa ser feito, não ‘brinque’, nem negligencie, com a vida das pessoas; seja no mundo o rosto visível de Vós, seu Senhor, ressuscitado e na glória.

Nós, Vô-lo pedimos por intercessão da Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, a Vós que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.” Amém.

Fonte: Vatican News / Por Diácono Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos/RJ

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