
O Papa Leão XIV fará sua primeira viagem apostólica na Turquia, de 27 a 30 de novembro, seguindo os passos de João Paulo II, Francisco e outros papas, ao irem à Igreja Catedral do Espírito Santo, em Istambul. A viagem é um retorno às fontes da fé e aos lugares onde o cristianismo começou a se formar.
A Turquia se tornou importante para o cristianismo depois da Ascensão de Jesus Cristo, porque foi lá que os apóstolos, especialmente Paulo, viajaram para fundar comunidades cristãs. Cidades como Éfeso, Antioquia e outras da Ásia Menor que viraram centros da Igreja primitiva.
Por essa razão, é simbólico os papas escolherem o local para dar início às viagens apostólicas: Paulo VI esteve no país em 1967, João Paulo II em 1979, Bento XVI em 2006 e Francisco em 2014.
O destino escolhido pelo Papa, a Catedral do Espírito Santo, em Istambul, é uma comunidade que lembra muito o começo da própria Igreja: pequena em estrutura, mas cheia da mesma força que sustentou os primeiros discípulos.
Assim como os apóstolos iniciaram sua missão a partir de grupos modestos que depois transformaram o mundo, essa catedral mantém viva a chama das primeiras comunidades cristãs na região onde tudo começou. Ao iniciar sua viagem justamente ali, o Papa Leão XIV evidencia esse paralelo: a fé pode nascer em espaços simples, mas carregados de significado histórico e espiritual.
O pároco da Catedral do Espírito Santo em Istambul, padre Nicola Masedu, afirmou:
“Não podemos esquecer que a Igreja está aqui desde os primeiros séculos. Seis apóstolos operaram aqui: Pedro, André, Paulo, Filipe, Bartolomeu, João. Daremos testemunho disso com um presente para Leão, a quem daremos um cálice cinzelado à mão com as imagens deles em relevo”.
A realidade da Igreja na Turquia
O Padre Paolo Pugliese, representante oficial da ordem Capuchinha no país, descreve a realidade dos católicos no país como algo significativo.
“Nós católicos, em particular, somos considerados uma realidade bastante relevante, mesmo que apenas por nossa identidade clara; pelo perfil internacional que nos caracteriza, com fiéis provenientes de várias partes do mundo: como africanos e filipinos e, sobretudo, pela figura e pelo magistério do papa, que nos apoia”, explica o padre Pugliese.
As comunidades cristãs na Turquia se distribuem por Istambul e arredores: em Meryem Ana Evi, próximo a Éfeso, onde se encontra a Casa de Maria, a mesma em que a mãe de Jesus viveu junto ao apóstolo João; também no sul, em Mersin, com a única paróquia católica da região; e em Antioquia, berço dos primeiros núcleos cristãos formados a partir do paganismo, no local onde os seguidores de Cristo passaram a ser chamados como tal.
Segundo o Padre, isso mostra que, “na Turquia, há muitas Turquia, com influências e estilos de vida diferentes”. No sul, por exemplo, “há uma forte presença de alauitas, muçulmanos e ortodoxos, aspecto que mantém relações historicamente estimulantes e de longa data com outras religiões e confissões”.
A atratividade do cristianismo também para muitos turcos
O Padre capuchinho destaca que o reconhecimento e a credibilidade da fé cristã têm despertado curiosidade entre “muitos turcos que hoje se interessam pelo cristianismo e desejam se tornar cristãos, porque descobrem ter raízes cristãs, talvez de origem búlgara ou grega, ou ainda jovens que se identificam e manifestam um interesse mais difuso. Isso torna necessárias as atividades de catequese aqui na Turquia”, afirmou Paolo Pugliese.
A sociedade civil também demonstra curiosidade e uma receptividade positiva com a chegada do papa. “Isso mostra que a importância da religião cresceu ao longo do tempo, alcançando também um valor cultural relevante”, afirma padre Masedu.
Fonte:Portal A12 / PorRafael Gurgel/ Com Vatican News



