O fundamento da Virtude da Esperança

 Fiéis peregrinam com a Cruz na Praça São Pedro | Foto: Vatican Media
Fiéis peregrinam com a Cruz na Praça São Pedro | Foto: Vatican Media

“O Catecismo da Igreja católica, afirma que “a esperança cristã se manifesta, desde o princípio da pregação de Jesus, no anúncio das bem-aventuranças. As bem-aventuranças elevam a nossa esperança para o céu, como nova terra prometida e lhe traçam o caminho através das provações que aguardam os discípulos de Jesus.”

O Catecismo da Igreja Católica especifica no número 1813 que “as virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão, Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para os tornar capazes de proceder como filhos seus e assim merecerem a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano”. E as três virtudes teologais são “fé, esperança e caridade”.

“A virtude da esperança – explica – corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem”. Ela “protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna.”

Com sua reflexão, Pe. Gerson Schmidt* aprofunda o tema “O fundamento da Virtude da Esperança”:

“Apontamos aqui que a esperança é a luz que ilumina o futuro, mas não num sentido ingenuamente otimista ou ilusório. Nós sabemos: a esperança é Jesus Cristo, morto e ressuscitado. A esperança cristã, portanto, tem um nome: JESUS CRISTO VITORIOSO. Porque Ele venceu nós também venceremos!

A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja nos aponta que “a prometida restauração que esperamos, já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé nos ensina o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos na nossa salvação (cf. Fil 2,12). Já chegou, pois, a nós, a plenitude dos tempos (cf. 1Cor 10,11), a restauração do mundo foi já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora imperfeita, santidade” (LG,48). Portanto, a esperança não é fantasiosa, não é ingênua, não se ilude. A obra da restauração já começou em Cristo Ressuscitado dos mortos! É irrevogável! Ele já entrou na glória, como cabeça do seu corpo, que é sua Igreja.

O Catecismo da Igreja Católica, afirma que “a esperança cristã se manifesta, desde o princípio da pregação de Jesus, no anúncio das bem-aventuranças. As bem aventuranças elevam a nossa esperança para o céu, como nova terra prometida e lhe traçam o caminho através das provações que aguardam os discípulos de Jesus. Mas, pelos méritos do mesmo Jesus Cristo e da sua paixão, Deus guarda-nos na «esperança que não engana» (Rm 5,5). A esperança é «a âncora da alma, inabalável e segura» que penetra […]«onde entrou Jesus como nosso precursor» (Heb 6,19-20)” (CIgrC,1820). Esse termo usado pelo catecismo é reutilizado pelo Papa Francisco, quando diz que devemos “segurar a corda, com a âncora da esperança”, utilizando a imagem de uma navegação[1]. Na verdade, essa simbologia dfa âncora é tirada da Carta aos Hebreus, quando se afirma: “A esperança, com efeito, é para nós, como âncora da alma, firme e segura, penetrando para além do véu, onde Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote para a eternidade, segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 6,19). Na nota ao pé da página da Bíblia de Jerusalém, comentando esse versículo, descreve assim sobre a âncora: “Símbolo clássico da estabilidade, a âncora tornar-se-á, na iconografia cristã, durante o século II, a imagem privilegiada da esperança”[2]. A passagem da Escritura compara a esperança a uma âncora que mantém a vida segura, tal como a âncora mantém o barco seguro. A esperança é firme e segura, e mesmo que a vida seja abalada, o barco não afunda. Esse texto bíblico diz que a esperança entra no santuário interior, por trás do véu. Jesus, como precursor, entrou por nós e tornou-se sumo sacerdote para sempre. Ele é a razão para continuarmos a navegar com a coragem que vem dele.

O Catecismo diz que a esperança não é só âncora, mas também uma arma que protege: “É também uma arma que nos protege no combate da salvação: «Revistamo-nos com a couraça da fé e da caridade, com o capacete da esperança da salvação» (1Ts 5,8). Proporciona-nos alegria, mesmo no meio da provação: «alegres na esperança, pacientes na tribulação» (Rm 12,12). Exprime-se e nutre-se na oração, particularmente na oração do Pai-Nosso, resumo de tudo o que a esperança nos faz desejar” (CIgrC,1820).

Santa Teresa de Jesus diz assim sobre a esperança: “Espera, espera, que não sabes quando virá o dia nem a hora. Vela com cuidado, que tudo passa com brevidade, embora o teu desejo faça o certo duvidoso e longo o tempo breve. Olha que quanto mais pelejares, mais mostrarás o amor que tens a teu Deus, e mais te regozijarás com teu Amado em gozo e deleite que não pode ter fim” [3].

Conclui o catecismo Católico sobre a virtude teologal da esperança: “Podemos, portanto, esperar a glória do céu prometida por Deus àqueles que O amam (Cf. Rm 8, 28-30) e fazem a sua vontade (Cf. Mt 7,21). Em todas as circunstâncias, cada qual deve esperar, com a graça de Deus, «permanecer firme até ao fim»[4] e alcançar a alegria do céu, como eterna recompensa de Deus pelas boas obras realizadas com a graça de Cristo. É na esperança que a Igreja pede que «todos os homens se salvem» (1Tm 2, 4) e ela própria aspira a ficar, na glória do céu, unida a Cristo, seu Esposo” (CIgrC,1821).”

Fonte: Vatican News / Por Jackson Erpen

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