Outubro chega com convite à renovação da Missão na Igreja

Papa Francisco convida todos a revigorar a jornada com o “banquete nupcial”

Foto: diocesenh.org.br

O tema da mensagem do Papa Francisco para o 98° Dia Mundial das Missões 2024 Ideeconvidai a todosparaobanquete”(cf.Mt22,9), extraído da parábola evangélica do banquete nupcial expressa o desejo do Santo Padre de que a missão da Igreja esteja no coração de cada cristão batizado e, assim, chegue a todos os povos. O Dia Mundial das Missões será celebrado em 20 de outubro, terceiro domingo do mês.

Confira aqui a Mensagem do Papa Francisco

A temática traz em si uma reflexão importante. Sobre isso, o Papa Francisco observa o detalhe que revela o chamado para toda a Igreja, quando menciona a clareza contida na ordem inicial do rei aos seus servos: «ide» e «convidai». O Pontífice ressalta que esse é o núcleo da missão.

O mês de outubro, dedicado às missões, neste ano também envolve a realização da segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade que começou dia 2 de outubro, em Roma, e segue até o dia 27.

Diante da missão da Igreja como centralidade neste mês, o Papa Francisco reflete sobre a frase-chave da mensagem, lançando olhar sobre a conexão desta parábola, relacionada à vida de Jesus, meditação que o leva a contextualizar o atual cenário da evangelização, afirmando que alguns “aspectos revelam-se, particularmente, atuais para todos nós, discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, de acordo com o lema «Comunhão, participação, missão», deverá relançar na Igreja o seu compromisso prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo”.

“A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso, é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionaria ao serviço do Evangelho. De per si, a sinodalidade é missionária e, vice-versa, a missão é sempre sinodal”, explica o Pontífice em trecho da mensagem.

O banquete é o mesmo para todos: fraternidade e vida partilhada no mundo convertido em Reino.

O banquete é a nossa Salvação

A parábola do banquete nupcial narra também o revés do convite do rei, feito para todos, porém, recusado por alguns. “Depois que os convidados recusaram o convite, o rei – protagonista da narração – diz aos seus servos: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes».

Francisco considera que “a missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Por isso, a Igreja continuará ultrapassando todo e qualquer limite, saindo incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor”.

A missionariedade é ressaltada no agradecimento do Pontífice. “Aos missionários e missionárias que, respondendo ao chamado de Cristo, deixaram tudo e partiram para longe da sua pátria a fim de levar a Boa Nova aonde o povo ainda não a recebera ou só recentemente é que a conheceu. Continuamos a rezar e a agradecer a Deus pelas novas e numerosas vocações missionárias para esta obra de evangelização até aos confins da terra”.

Recorrendo à mensagem, o Papa observa a universalidade da missão na Igreja. “Todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos caminhos» do mundo atual…todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo”.

Recordando a parábola, o Papa detém-se, mais uma vez, na ordem do rei aos servos, destacando o modelo da trajetória missionária. “Vemos que caminham lado a lado o «ir» e o chamar ou, mais precisamente, «convidar»: «Vinde às bodas!». “Ao proclamar ao mundo «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado», os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles; sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus.”

O convite à missão representa a Salvação final no Reino de Deus, conforme o explica o Santo Padre. “Na parábola, o rei pede aos seus servos que levem o convite para o banquete das bodas de seu filho. Este banquete reflete o banquete escatológico; é imagem da salvação final no Reino de Deus – já em realização com a vinda de Jesus, o Messias e Filho de Deus, que nos deu a vida em abundância. Enquanto o mundo propõe os vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo, o Evangelho chama a todos para o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros”.

A plenitude da vida é o segredo revelado no convite, continua explicando o Papa. “Temos esta plenitude de vida, dom de Cristo, antecipada já agora no banquete da Eucaristia, que a Igreja celebra por mandato do Senhor em memória d’Ele. Assim, todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária”.

Alguns recusaram, então o rei disse aos servos: “Vão às esquinas e convidem todos…” reuniram todas as pessoas que puderam encontrar, gente boa e gente má, e a festa de casamento ficou cheia de convidados.

A igreja em missão pós-Covid

A pandemia afetou, dramaticamente, a vida no planeta, atingiu em cheio a missão, exigiu superação e renovação também no ambiente da Igreja e essa nova realidade chama a atenção do Santo Padre. “A renovação eucarística, que muitas Igrejas Particulares têm, louvavelmente, promovido no período pós-Covid, será fundamental também para despertar o espírito missionário em todo o fiel”.

A espiritualidade é outro ponto que o Papa Francisco pede especial atenção dos missionários, especialmente, em razão do Ano da Oração (preparação para o Jubileu 2025). “Também e, sobretudo, a participação na Missa e a oração pela missão evangelizadora da Igreja. A oração quotidiana e de modo particular a Eucaristia fazem de nós peregrinos-missionários da esperança, a caminho da vida sem fim em Deus, do banquete nupcial preparado por Deus para todos os seus filhos”.

Todos somos convidados

Mas, afinal, a mensagem detalha um ‘convite’. A quem ele se destina? Ainda em suas meditações sobre o tema escolhido, o Papa não deixa dúvidas: «todos» são os destinatários do convite do rei.

“Ainda hoje, num mundo dilacerado por divisões e conflitos, o Evangelho de Cristo é a voz mansa e forte que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades”.

“Os discípulos-missionários de Cristo sempre tiveram no coração uma preocupação sincera por todas as pessoas, de qualquer condição social ou mesmo moral. A parábola do banquete diz-nos que, por recomendação do rei, os servos reuniram “todos os que encontraram, maus e bons”.

Além disso, precisamente “os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos” (Lc 14, 21), ou seja, os últimos e os marginaliza dos da sociedade são os convidados especiais do rei. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o seu amor para cada um de nós. Deus “quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).

Por isso, nas nossas atividades missionárias, nunca esqueçamos que somos enviados a anunciar o Evangelho a todos, “não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria; aponta um belo horizonte; oferece um delicioso banquete” (EG, 14).

Apoio das Obras Missionárias

A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso é necessário continuar o caminho em direção a uma Igreja toda sinodal-missionária a serviço do Evangelho. A sinodalidade é em si mesma missionária, e vice-versa, a missão é sempre sinodal. Hoje, a estreita cooperação missionária é ainda mais urgente e necessária, tanto na Igreja universal como nas Igrejas locais, ressalta o Papa na mensagem.

O desempenho almejado na missão pode acontecer apoiado pelas Pontifícias Obras Missionárias, recomenda o Papa. “Nos passos do Concílio Vaticano II e dos meus antecessores, recomendo, a todas as dioceses do mundo, o serviço das Pontifícias Obras Missionárias que se constituem como meio primordial, “quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário desde a infância, quer para favorecer uma adequada coleta de subsídios em benefício de todas as missões e segundo as necessidades de cada uma” (Decr. Ad gentes, 38).

E determina que as coletas do Dia Mundial das Missões em todas as Igrejas locais serão inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade que, depois, a Pontifícia Obra da Propagação da Fé distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja. “Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária”. (cf. Homilia na Missa de encerramento da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 29/10/2023).

A Virgem Maria é a conclusão da mensagem. Francisco convida todos a voltarem “o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre na festa de núpcias, em Caná da Galileia. Peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo”.

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