Papa condena “cultura do vencedor” em apostas on-line

"Isso não é um jogo, é um vício. É colocar a mão nos bolsos das pessoas", disse Papa

O Papa Francisco esteve no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral na última sexta (20), no evento “Plantar uma bandeira diante da desumanização”, no 10º Encontro Mundial dos Movimentos Populares (EMMP) em Roma. Em seu discurso, Francisco pontuou sobre os temas da justiça social e denunciou o que chamou de “cultura do vencedor”, por meio das apostas on-line, uso impróprio das redes e crime organizado.

“Fico muito triste ao ver que alguns jogos de futebol e estrelas do esporte promovem plataformas de apostas. Isso não é um jogo, é um vício. É colocar a mão nos bolsos das pessoas, especialmente dos trabalhadores e dos pobres.”

O Santo Padre mostrou preocupação nas muitas formas de criminalidade organizada: tráfico de drogas, prostituição infantil, tráfico de seres humanos, violência brutal do bairro. Para ele, este drama deve ser enfrentado:

“Sei que vocês não são polícias, sei que não podem enfrentar diretamente os grupos criminosos, mas continuem a combater a economia criminosa com a economia popular. Não desistam… Nenhuma pessoa, especialmente nenhuma criança, pode ser uma mercadoria nas mãos dos traficantes de morte, os mesmos que depois lavam o dinheiro sangrento e jantam como respeitáveis ​​cavalheiros nos melhores restaurantes.”

O Pontífice também convidou as pessoas com mais condições financeiras a colocarem à disposição os seus bens, porque as riquezas são feitas para serem partilhadas, para criar, para promover a fraternidade. Ele recorda que, sem o amor, não somos nada e que é preciso agir de forma que este amor seja eficaz em todas as relações, porque tudo deve ser feito com amor, e também que é preciso insistir para existir justiça, tal como fez a viúva do Evangelho, sem violência.

“Acumular não é virtuoso, distribuir é. Jesus não acumulava, multiplicava, mas multiplicava e seus discípulos distribuíam. Recordem-se de que Jesus nos disse: ‘Não ajunteis para vós tesou­ros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças, nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração’”.

O Santo Padre também relembra que é preciso lutar pelas boas políticas, políticas racionais e justas, que fortaleçam a justiça social, para que todos tenham terra, teto, trabalho, para que todos tenham um salário justo e direitos sociais adequados.

“Infelizmente, muitas vezes são precisamente os mais ricos que se opõem à realização da justiça social ou da ecologia integral por pura ganância. Mascaram, sim, esta ganância com a ideologia, mas é a velha e conhecida ganância. Fazem pressão sobre os governos para apoiarem más políticas que os favoreçam economicamente.”

A conclusão do Papa para todas essas questões sociais é o amor. “Sem amor, isto não se compreende. Se o amor é eliminado como categoria teológica, categoria ética, econômica e política, perde-se o rumo. Por isso a justiça social, e também a ecologia integral só podem ser compreendidas por meio do amor, porque sem amor não somos nada”.

 

Fonte: Portal A12 / Por Vatican News

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