O Papa encontrou-se nesta terça-feira, 24, no Vaticano, com seminaristas de todo o mundo, a quem traçou o perfil dos padres do futuro, por uma “Igreja aberta e em saída missionária”.
“No rigoroso compromisso do estudo teológico, saibam também ouvir com mente e coração abertos as vozes da cultura, como os recentes desafios da inteligência artificial e das redes sociais. Acima de tudo, como fazia Jesus, saibam ouvir o grito muitas vezes silencioso dos pequenos, dos pobres e dos oprimidos e de tantos, sobretudo jovens, que procuram um sentido para a sua vida”, referiu, na Basílica de São Pedro.
“Convido-vos a invocar frequentemente o Espírito Santo, para que Ele forme em vós um coração dócil, capaz de captar a presença de Deus, também ouvindo as vozes da natureza e da arte, da poesia, da literatura e da música, bem como das ciências humanas”, acrescentou.
Leão XIV apresentou a sua reflexão ao grupo que participa no Jubileu dos Seminaristas, um dos eventos do Ano Santo.
“O seminário, seja qual for a forma como é concebido, deve ser uma escola de afetos. Hoje, de modo particular, num contexto social e cultural marcado pelo conflito e pelo narcisismo, precisamos de aprender a amar e de o fazer como Jesus”, apontou.
O Papa começou por agradecer a “alegria” e “entusiasmo” dos participantes, que o receberam com palmas, e falou também em espanhol, para pedir “coragem”.
A intervenção destacou a importância de seguir um “caminho de discernimento e formação”, em direção à ordenação presbiteral, pedindo que os seminaristas sejam “pessoas e sacerdotes felizes, pontes e não obstáculos ao encontro com Cristo para todos aqueles que se aproximam de vós”.
Recordando a encíclica ‘Dilexit nos’, que o Papa Francisco escreveu sobre o Coração de Jesus, Leão XIV convidou os participantes a “voltar a atenção para o centro, para o motor de todo o vosso caminho: o coração”.
Descer ao coração às vezes pode assustar-nos, porque nele também há feridas. Não tenham medo de cuidar delas, deixem-se ajudar, porque é precisamente dessas feridas que nascerá a capacidade de estar ao lado daqueles que sofrem. Sem a vida interior, nem mesmo a vida espiritual é possível, porque Deus fala-nos precisamente ali, no coração.”
O Papa pediu padres autênticos, sem “máscaras”, e sublinhou a necessidade de “aprender a discernir”, com “momentos diários de silêncio, meditação e oração”.
“Numa época em que estamos hiperconectados, torna-se cada vez mais difícil experimentar o silêncio e a solidão”, advertiu.
A respeito da formação dos seminaristas, o Papa apontou à promoção da “maturidade humana, sobretudo afetiva e relacional”.
“É importante, mais ainda, necessário, desde o tempo do Seminário, apostar muito na maturidade humana, rejeitando qualquer disfarce e hipocrisia. Mantendo o olhar fixo em Jesus, é preciso aprender a dar nome e voz também à tristeza, ao medo, à angústia, à indignação, levando tudo para a relação com Deus”, apelou.
Num mundo onde muitas vezes há ingratidão e sede de poder, onde às vezes parece prevalecer a lógica do descarte, vocês são chamados a testemunhar a gratidão e a gratuidade de Cristo, a exultação e a alegria, a ternura e a misericórdia do seu Coração.”
Após a sua reflexão, o Papa passou por várias zonas da Basílica de São Pedro, para cumprimentar os bispos e os grupos de seminaristas, com quem conversou brevemente, antes de lhes conceder a sua bênção.
Programação
Os seminaristas que participam no seu Jubileu foram recebidos esta segunda-feira, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma.
Já esta manhã decorreu a peregrinação à Porta Santa de São Pedro, antes da catequese do Papa Leão XIV.
Ainda no Vaticano, na manhã de quarta-feira começam os eventos jubilares dedicados aos bispos, provenientes de cerca de 50 países do mundo, entre os quais Portugal, que vão receber a estola, a casula e a mitra do Ano Santo; a catequese do Papa está marcada para as 12h30 locais (menos uma em Lisboa), na Basílica de São Pedro, antes da profissão de fé junto ao túmulo do apóstolo.
No mesmo dia 25 de junho tem início o Jubileu dos sacerdotes, com catequeses ministradas pelos bispos em 12 igrejas do centro de Roma, por grupos linguísticos.
No dia seguinte, os participantes celebram Missa na Basílica de São Pedro e fazem a peregrinação jubilar às Portas Santas das Basílicas papais, antes da vigília de oração, no Vaticano, às 19h00 de Roma.
Em 26 de junho, o Dicastério para o Clero promove um encontro internacional com o Papa Leão XIV, destinado a todas as pessoas empenhadas na Pastoral Vocacional e na formação nos seminários.
O encerramento das celebrações jubilares acontece na sexta-feira, com a Missa da solenidade do Coração de Jesus, presidida pelo Papa na Basílica de São Pedro, com ordenação de 31 padres, provenientes de vários países, entre eles Angola e Brasil
Fonte: Agência Ecclesia