A Doutrina Social da Igreja (DSI), nasceu com a Encíclica RerumNovarum, publicada em 1891, de autoria do Papa Leão XIII, com o intuito de trazer um posicionamento da Igreja diante das mudanças sociais e econômicas da época.
Esta doutrina está em destaque nos últimos dias devido à referência feita pelo novo Papa Leão XIV, eleito sumo pontífice no último dia 8. Uma das inspirações para a escolha do seu nome partiu do pontificado de Leão XIII, papa de ação prática em defesa da paz e justiça social, no contexto da Revolução Industrial.
Em reunião com os cardeais, o novo Papa afirmou:
“Hoje a Igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho.”
Desde o princípio do seu pontificado, compreendemos que nele há um olhar atento aos desafios contemporâneos, especialmente ao que envolve o mundo do trabalho e as novas tecnologias. Esta já era uma preocupação do Papa Francisco e que permanecerá sendo trabalhada com Leão XIV.
Mas afinal, o que é a Doutrina Social da Igreja?
A Doutrina Social da Igreja (DSI)é um conjunto de ensinamentos teológico-moral iluminado pela fé, que surgiu gradualmente com as reflexões da Igreja sobre os problemas sociais.
É importante dizer que não se trata de uma ideologia ou teoria socioeconômica, mas uma reflexão à luz do Evangelho sobre as realidades humanas e sociais, com o objetivo de orientar o comportamento cristão.
Ela se fundamenta em quatro princípios interligados:
Princípios Fundamentais da Doutrina Social da Igreja
- Dignidade da Pessoa Humana: Todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, com valor inalienável, essa é a base de todos os outros princípios.
- Bem Comum: Condições sociais que permitem a realização plena de todos. Não é a soma de interesses individuais, mas o bem de cada um e de todos.
- Subsidiariedade: O que pode ser feito por instâncias menores (família, associações, comunidade) não deve ser usurpado por instâncias maiores (Estado). Valoriza a autonomia e a participação local.
- Solidariedade: Responsabilidade mútua entre pessoas, povos e nações, que supera egoísmos e promove justiça social e fraternidade.
Estes princípios têm caráter universal e atemporal, aplicando-se a todas as esferas sociais, desde relações interpessoais até políticas e internacionais, e servem como referência fundamental para julgar e orientar a ação social.
Além disso, possuem uma dimensão moral profunda: exigem compromisso tanto das pessoas quanto das instituições, lembrando que a sociedade é fruto das escolhas livres e responsáveis de cada um.
Dentre os temas abordados estão:
📚Temas Principais da DSI
- Família como célula vital da sociedade: É a primeira comunidade natural, lugar de formação humana, social e espiritual. O casamento e a família são a base da sociedade.
- Trabalho humano e dignidade do trabalhador: O trabalho é participação na obra criadora de Deus e deve respeitar direitos, garantir justiça e permitir o sustento digno.
- Economia a serviço da pessoa: A economia deve servir ao homem, não o contrário. Não condena o lucro em si, desde que este não se torne o fim absoluto.
- Destino universal dos bens: A propriedade privada é legítima, mas os bens da criação são para todos. Destaca a partilha e a justiça social.
- Justiça social e promoção da paz:A paz é fruto da justiça. A promoção dos direitos humanos e a superação das desigualdades são exigências evangélicas.
- Política e participação social: Os cristãos são chamados a agir politicamente com ética e responsabilidade e o poder deve servir ao bem comum.
- Cuidado com os pobres e marginalizados: Preferência evangélica pelos pobres e combate às estruturas de pecado e exclusão.
- Ecologia integral: Responsabilidade pelo cuidado da criação e conexão entre justiça social e preservação ambiental.
- Globalização e solidariedade internacional: A globalização deve ser humanizada e orientada para a fraternidade entre os povos.
Fonte: Portal A12 /Por Giovana Marques / Com VaticanNews