Vaticano divulga esquema das celebrações fúnebres

O Departamento das Celebrações Litúrgicas da Santa Sé divulgou nesta quinta-feira, 24, o esquema do funeral do Papa Francisco, falecido na última segunda-feira, que se vai celebrar este sábado.

A “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco” vai ser presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, na Praça de São Pedro.

Ao contrário do que aconteceu a 5 de janeiro de 2023, no funeral de Bento XVI, então Papa emérito, a celebração inclui elementos que dizem respeito à morte de um pontífice em exercício, como, por exemplo, as súplicas da Diocese de Roma e das Igrejas Orientais, no final da Missa.

O último Papa a falecer no exercício da sua missão tinha sido São João Paulo II a 2 de abril de 2005, tendo o funeral sido presidido pelo cardeal Joseph Ratzinger – que viria a ser o seu sucessor – a 8 de abril.

Após as 19h00 de sexta-feira (menos uma em Lisboa), quando a porta da Basílica de São Pedro encerra portas aos fiéis e visitantes que se têm despedido de Francisco, o caixão será fechado num rito reservado.

O mestre das Celebrações Litúrgicas, monsenhor Diego Ravelli, lê o ‘rogito’ – elegia em latim, relatando os principais atos da vida do falecido Papa -, e, em seguida, estende-se o véu de seda branca sobre o rosto do defunto, que é aspergido com água benta.

Uma tampa é colocada sobre o caixão de zinco, com a cruz, o brasão, a placa com o nome ‘Franciscus’, a duração da sua vida (1936-2025) e do seu ministério petrino (2013-2025).

O caixão de zinco é soldado e são impressos os selos do cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas e do Capítulo Vaticano.

O caixão de madeira também é fechado, tendo na sua tampa a cruz e o escudo de armas do Papa.

Francisco pediu uma simplificação dos ritos, que levou à eliminação do recurso aos tradicionais três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho.

Na manhã de sábado, pelas 08h45 de Roma, o corpo é transportado da Basílica de São Pedro para o adro, onde será recitado o Rosário.

A celebração conta com leituras bíblicas diferentes das do funeral de Bento XVI, sendo a passagem do Evangelho tirada do capítulo 21 de São João, relativa à missão de São Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica.

O presidente da celebração profere a homilia; o cardeal Giovanni Battista Re já tinha celebrado o funeral de Bento XVI no altar, devido às limitações físicas de Francisco, em 2023.

Após a homilia, os presentes vão rezar por Francisco, para que Deus o “acolha com bondade no seu reino de luz e paz”.

Uma das intenções da oração universal vai ser lida em português, rezando pela justiça e a paz entre as nações.

Após a Comunhão, decorre o rito da ‘Ultima Commendatio’ (última encomendação) e da ‘Valedictio’ (adeus), seguindo-se as orações da Diocese de Roma, pelo vigário-geral, cardeal Baldo Reina, e das Igrejas Orientais.

Os patriarcas, arcebispos maiores e metropolitas das Igrejas ‘sui iuris’ (com direito próprio, mas ligadas a Roma) orientais católicas deslocam-se até junto do caixão, voltados para o altar, num momento de oração pelo “servo de Deus Francisco, bispo”, em grego, do Ofício dos Defuntos da liturgia bizantina, simbolizando a universalidade da Igreja Católica.

Depois destas orações próprias pelo Papa, o presidente da celebração incensa o féretro e asperge-o com água benta, antes da antífona final, a que se segue o regresso do caixão ao interior da Basílica de São Pedro.

O livrete da celebração apresenta, na sua página inicial, o quadro “Deposição da Cruz” (1746) de Jesus, do pintor napolitano Sebastiano Conca, conservado nos Museus do Vaticano.

Francisco vai ser sepultado, a seu pedido, na Basílica de Santa Maria Maior, onde decorrerá a cerimónia de enterro, com um rito próprio, no local preparado para receber o Papa – o último pontífice ali sepultado foi Clemente IX, em 1669, encontrando-se também na Basílica os túmulos de Honório III, Nicolau IV, Pio V, Sisto V, Clemente VIII e Paulo V.

O caixão é transportado para a sepultura, enquanto são entoados salmos, em latim, e o presidente da celebração introduz as intercessões.

Após a oração pelo falecido Papa, o caixão de madeira que contém os restos mortais é selado com os selos do cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano (conjunto dos cónegos da Basílica de Santa Maria Maior).

O corpo é colocado no túmulo e aspergido com água benta, seguindo-se o canto do Regina Coeli, que no tempo litúrgico da Páscoa substitui a recitação do ângelus.

O notário do Capítulo Liberiano lavra o “ato autêntico”, que serve de prova do enterro e lê-o aos presentes.

Em seguida, o documento é assinado pelo cardeal camerlengo, pelo regente da Casa Pontifícia, pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e pelo próprio notário.

Fonte: Agência Ecclesia

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