A Doutrina Social na Catequese: Atividades socioeducativas e pastorais (Parte 12)

A formação integral do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, sendo “sal e luz do mundo”

Introdução
A exigência do Amor a Deus e ao próximo deve ser apresentada aos catequizandos insistentemente durante todas as fases da catequese. A doutrina social da Igreja deve ser assimilada pelos catequizados, mas isso depende da mentalidade dos catequistas. Esse processo de assimilação é lento, progressivo e só poderá ser efetivado através de atividades e experiências socioeducativas e pastorais que oportunizem aos catequizandos um crescimento na compreensão da dignidade humana e assim, serem sensíveis para assumirem atitudes concretas em prol dos outros.

A Iniciação à Vida Cristã, com suas diversas dimensões e fases, deve também favorecer aos iniciantes a experiência do serviço da Igreja na promoção do Reino de Deus, pois a meta dessa dinâmica experiência catequética é a formação integral do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, sendo “sal e luz do mundo”, capaz de ser significativo para a Igreja e a sociedade.

A consciência da dimensão social da fé e da caridade não pode ser esquecida. O processo de compreensão e assimilação da doutrina social da igreja não acontece através de discurso simplesmente, mas sobretudo, por meio de experiências pastorais que possibilite o direto contato com as carências humanas. O processo de sensibilização da consciência dos catequizandos passa pelos olhos, pés e mãos antes de chegar à mente e o coração. Diz o ditado popular que: “o que os olhos não veem, o coração não sente”! Os aspectos cognitivo, afetivo e moral da catequese, devem ser continuamente integrados.

1 – Catequese e sensibilidade humana
Os discípulos de Jesus foram por ele formados a partir do direto contato com os clamores humanos. Os doze foram sendo formados acompanhando Jesus em sua missão de promoção do Reino de Deus. Não foram formados numa sala, nem dentro de uma sinagoga.

Quando ao longo do processo catequético não há a preocupação com a dimensão social da formação do discípulo de Jesus, corre-se o perigo de se promover pessoas religiosas marcadas pela frieza, indiferença, insensibilidade, doutrinalismo, ritualismo, intimismo, intolerância, comodismo, individualismo e isolamento. Tais características, devem estar longe do verdadeiro perfil do discípulo de Jesus Cristo. A primeira preocupação dos catequistas deve ser aquela de favorecer aos catequizando o exercício da Caridade.

Desde cedo os catequizandos devem ser treinados na consciência de que a fé, uma vez assimilada, deve causar impacto na vida concreta: nas escolhas pessoais, no relacionamento na famílias e com os amigos, diante dos problemas sociais. O ideal de santidade não deve ser intimista, mas deve ter como desafio a imitação dos gestos e das atitudes de Jesus Cristo.

Na catequese, as atividades sociais desempenham um papel muito importante, pois permitem que os catequizando se conheçam melhor, percam o medo e a timidez, criem laços de amizade, amem a Igreja como sua família, percebam a diversidade de atividades eclesiais e modos de viver a fé; tomem consciência das carências humanas e sintam a necessidade de serem pessoas úteis, voluntárias, generosas, comprometidas com a promoção do Reino de Deus.

2-Possíveis atividades:
1. Promover dinâmicas de “quebra-gelo”, ou seja, ações interativas que possam levar os educandos a crescerem no processo de proximidade entre si estimulando-os ao mútuo conhecimento e a amizade.
2. Oferecer atividades reflexivas e tarefas concretas, de modo que possam se confrontar com a realidade familiar e social podendo depois compartilhar a experiência com os colegas.
3. Apresentar as diversas atividades pastorais e compromissos sociais da paróquia, sobretudo, através de testemunhos daqueles que já estão engajados e comprometidos apresentando o que fazem e sua alegria em poder servir a Igreja.
4. Promover atividades solidárias como arrecadação de alimentos para doação, visitas a asilos, abrigos, visita a doentes, participação em campanhas de ajuda e Campanha da Fraternidade.
5. Meditar com os catequizandos sobre a significatividade de símbolos como o sal, a luz, fermento, árvore frutífera, galho seco etc.
6. Apresentar aos catequizandos os direitos fundamentais da pessoa humana através de jograis, jogos, teatro etc. Refletindo com eles sobre o sentido da sacralidade da vida humana.
7. Proporcionar aos catequizando a experiência da leitura orante, explorando textos específicos sobre a bondade a caridade a solidariedade presentes nos evangelhos, por exemplo: a parábola do Bom Samaritano, o Rico e Lázaro, Jesus entre os pobres e doentes etc.
8. Estimular entre os catequizandos o crescimento na experiência da liderança; isso pode ser possível através da promoção de atividades de grupo a ser partilhada.
9. Fazer sínteses e esquemas dos documentos do magistério da Igreja na área social e apresentar aos catequizandos. Essa apresentação deve ser criativa e em grandes linhas, como através de frases, palavras, símbolos.
10. Favorecer aos catequizandos a experiência de encontro com moradores de rua, estrangeiros, pobres, doentes, idosos… Para estimular-lhes a reflexão sobre a importância da solidariedade, da bondade, compromisso ético e tudo o que os leve a refletir sobre vulnerabilidade da nossa vida.
11. Motivar e organizar com os catequizandos reflexões e atividades por ocasião de festas cívicas e sua relação com a fé cristã como: dia do índio, abolição da escravidão (13 de maio), consciência negra, dia da amizade, dia de combate e exploração sexual, dia da pessoa idosa etc.
12. Apresentar aos catequizandos a história de personalidades ilustres que deram grande exemplo de sensibilidade humana, através de filmes, como, Ir. Teresa de Calcutá, Frei Damião de Veuster, Mahatma Gandhi, Ir. Dulce dos pobres, Martin Luhter King, desenhos animados educativos… Fazer um cine fórum.
13. Promover rodas de conversas, debates, e pesquisas sobre problemas sociais e a vida de Jesus Cristo.
14. Aproveitar a ocasião da Jornada Mundial dos pobres para a organização de atividades extraordinárias de solidariedade; pode ser um compromisso antecipado. Nessa mesma linha está também a campanha do Natal sem fome.
15. Favorecer a promoção do Oratório festivo para os catequizandos. Trata-se do desenvolvimento de atividades socioeducativas através de atividades esportivas, lúdicas e artísticas; a dimensão lúdica é muito importante na catequese; o oratório proporciona espaço de convivência, exercício de liderança, fortalecimento dos vínculos de amizade; mas não deve ser confundido com “manhã e tarde alegre”. O oratório para ser uma experiência educativa deve ser constante, seja semanal ou diário.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1 – Como está a sensibilidade social dos adolescentes e jovens da sua paróquia?
2 – Qual são as consequências de uma catequese doutrinalista e intimista?
3 – Quais outras experiências socioeducativas são possíveis na catequese?

Colunistas