A identidade da Catequese no Diretório Geral para a Catequese (parte 4)

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Introdução
O Concílio Ecumênico Vaticano II (de 1962-1965), muito sensível às questões derivadas da evangelização, pediu a elaboração de um Diretório para a orientação da catequese em todo o mundo com o objetivo de estar a serviço do Povo de Deus contribuindo para o fortalecimento da comunhão da Igreja.

O Papa Paulo VI, atendendo a esse pedido, convocou uma comissão internacional de teólogos que ficou com a responsabilidade da elaboração desse documento, coordenada pela Congregação para o clero. O trabalho foi concluído e o primeiro Diretório foi promulgado em 1971 pelo referido pontífice.

Com o passar dos anos, devido mudanças socioculturais, com novos documentos da Igreja como as Exortações Apostólicas Evangelii Nuntiandi (1975), Catechesi Tradendae (1979) e o Catecismo da Igreja Católica, sentiu-se a necessidade da atualização da primeira versão.
O Diretório Geral para a Catequese (DGC) é um documento da Congregação para o clero, aprovado pelo Papa São João Paulo II no ano 1997. Essa já é a segunda versão.

1 – A estrutura e importância do DGC
O referido documento é de fundamental importância para toda a Igreja por muitos motivos. Antes de tudo, revela a grande preocupação da Igreja para com a catequese com sua exigência fundamental de unidade e comunhão na fé e na vida eclesial.

Por outro lado, é necessário que haja clareza na exposição dos princípios fundamentais da evangelização e da catequese para que possam iluminar o processo de inculturação da fé e do encontro com Jesus Cristo, nos mais variados contextos socioculturais do mundo entre povos e culturas diferentes, mas conservando a fidelidade doutrinal e moral.

Cada Conferência Episcopal, a partir da sua própria realidade, foi convocada a traduzi-lo em Orientações específicas aplicando-o à própria realidade. Dessa forma, na 43ª Assembleia Geral da CNBB em 2005, foi aprovado o Diretório Nacional da Catequese (Documento 84).

O atual DGC é composto por uma introdução, quatro partes e uma conclusão. Na exposição introdutória, apresenta-se os desafios do anúncio do evangelho no mundo contemporâneo, com seus múltiplos contextos e dimensões. Os evangelizadores e catequistas de toda a Igreja são chamados a identificar os clamores humanos onde se encontram, em todas as culturas e povos, bem como a perceber a sensibilidade religiosa do povo e a sua situação moral. A catequese autêntica e profunda estimula processos de conversão das pessoas.

A segunda postura a ser cultivada pelos catequistas e evangelizadores é o cultivo de um olhar de fé, sereno, crítico, profético e cheio de esperança sobre a própria comunidade eclesial, avaliando a situação geral da catequese com suas conquistas, problemas, desafios, necessidades de mudanças e potencialidades.

2 – Catequese, revelação e processos (I parte)
A primeira parte do DGC, com três capítulos, retoma a convicção de que a catequese não nasce a partir da vontade da Igreja, mas é sinal de fidelidade a Jesus Cristo. É consequência da missão evangelizadora da Igreja que lhe foi confiada por nosso Senhor. O mandato missionário exige o aprofundamento dos dados da Revelação de Deus à humanidade, através do processo de assimilação das palavras, gestos, feitos e atitudes de Jesus.
Cristo é o mediador e, ao mesmo tempo, a plenitude da Revelação de Deus. A Transmissão de tudo aquilo que nos foi revelado através da pessoa de Jesus Cristo, constitui a missão da Igreja e é conduzida e animada pelo Espírito Santo. A Igreja nada nega e nem acrescenta. Por isso Jesus afirmou: ”o Espírito vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês” (Jo 16,15).

Assim como Deus se revela processualmente ao longo da história até chegar à sua plenitude na pessoa de Jesus de Nazaré, da mesma forma, acontece também com a evangelização e a catequese. Não se pode pensar em evangelização e catequese que não respeitem processos. Começa com a qualidade do anúncio da Palavra com suas múltiplas funções e formas de ministérios em vista da promoção da fé e da conversão dos fiéis. Muitas vezes a assimilação dos conteúdos da evangelização depende também dos meios, atitudes e linguagem dos catequizadores que devem atuar em sintonia com as situações sociorreligiosas de cada contexto. Sem a assimilação da Palavra de Deus não há conversão. É necessário pensar a conversão como processo permanente de crescimento na santidade.
A Catequese está a serviço da promoção da iniciação à vida cristã, que implica uma diversidade de processos, experiências de vida, compromissos, formação de convicções. Por isso, a catequese é serviço da educação permanente à fé, que gera atitudes novas promovendo conscientes discípulos de Jesus Cristo e favorecendo-lhes o engajamento na vida comunitária. Esse processo de múltiplas experiências pode ser estimulado pelo ensino religioso escolar, testemunho de fé da família, a piedade popular.

A catequese, tendo como finalidade a comunhão com Jesus Cristo, exige a profissão de fé no único Deus trinitário, o Pai, Filho e Espírito Santo; a mesma sendo um processo permanente de educação à fé, abraça todas as fases da existência humana tendo como tarefa fundamental ajudar o fiel a conhecer, celebrar, viver e contemplar o mistério de Cristo.

3 -A Catequese tem normas e critérios (II parte)
A Catequese por ser a apresentação da mensagem evangélica que estimula a conversão em vista da salvação do fiel, é orientada por normas e critérios. Se, em algum contexto os critérios normativos não forem levados a sério, a catequese perde a sua consistência. São critérios já extensivamente apresentados em diversos documentos do Concílio Vaticano II e pós-conciliares. Recordemos alguns desses critérios normativos apresentados no DGC:
– A Palavra de Deus é a fonte da catequese e é inseparável da Tradição da Igreja;
– A apresentação da pessoa de Jesus Cristo deve constituir o centro da vida da catequese;
– A catequese não se ocupa meramente com o estudo dos mistérios da fé, mas é a apresentação da mensagem da Salvação e, por isso, tem força capaz de gerar libertação, conversão, vida Nova;
– A catequese deve estar sempre profundamente vinculada à vida da Igreja (eclesialidade), por isso deve estimular o sentido de pertença e o engajamento eclesial;
– A catequese tem uma dimensão histórica, seja por sua origem como também por seu dinamismo transformador (ser Sal e Luz), por isso não pode estar desencarnada da realidade, eis porque é importante a inculturação;
– A catequese autêntica deve zelar pela integridade do aprofundamento da mensagem evangélica, isso significa que nenhum aspecto do mistério de Cristo deve ficar alheio à catequese;
– A catequese, orientada pelo critério da integridade, preserva a organicidade da exposição dos conteúdos da fé e respeita a hierarquia deles;
– A catequese é chamada a ser fiel à pessoa, respeitando, sobretudo o processo de desenvolvimento humano, fazendo uso de métodos, linguagem e atividades mais adequadas;
– A catequese deve se orientar por aquilo que propõe a Igreja já presente no Catecismo da Igreja Católica; o aprofundamento das verdades da fé, a partir de cada realidade, não pode contrariá-lo, apesar da possibilidade da liberdade e da criatividade; deve haver uma fidelidade dinâmica em sintonia com os mistérios da fé professados pela Igreja.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1 – Qual e a importância do Diretório Geral da Catequese para os Catequistas?
2 – Por que a Igreja define normas e orientações para a Catequese?
3 – Por que os catequistas devem identificar os clamores humanos onde se encontram?

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