Introdução

A solenidade da Páscoa e as festas da Ascensão, Pentecostes e Corpus Christi, insistentemente nos convidam a renovar a nossa comunhão e unidade. De modo particular, esse convite se concentra na celebração da solenidade do mistério da Santíssima Trindade. 

A Igreja, diante de tão grande vocação à unidade e comunhão, é chamada continuamente a aprofundar esse compromisso e característica do seu ser, sem a qual perde a sua identidade e o seu brilho. Devido à amplitude do desse tema iniciemos mais uma série de catequese refletindo sobre a beleza da comunhão eclesial.

O senso de comunhão é uma das mais profundas e fortes características da Igreja Católica; por isso, apesar dos acidentes históricos, ela continua doutrinalmente sólida, politicamente compacta e pastoralmente com a mesma sensibilidade. Mas isso não é gratuito; a comunhão depende de muitos fatores, tem diversas dimensões e implica muitas atitudes. Vejamos o nosso itinerário de reflexão que pretendemos aprofundar neste mês.

  1. Jesus Cristo e a paixão pela comunhão

«Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (Jo 17,20-21).

  1. São Paulo e a comunhão da Igreja

“Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, que age por meio de todos e está presente em todos” (Ef 4,2-6).

  1. O significado de “Igreja Una”

A Igreja é UNA por sua essência e vocação. O adjetivo “una” é rico de sentido e traz consigo uma realidade profunda, por isso reflitamos sobre isso. “Una” vem do verbo unir; a Igreja é uma realidade consequente de uma união, porque ela se formou a partir da convocação e reunião de cada fiel. É o Espírito de Deus quem chama, sensibiliza e reúne os discípulos de Jesus. Na missa há uma resposta à saudação do presidente da celebração em que a assembleia responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no Amor de Cristo”.

  1. A teologia do Corpo Eclesial

“Em nome da graça que me foi concedida, eu digo a cada um de vocês: não tenham de si mesmos conceito maior do que convém, mas um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus concedeu a cada um. Num só corpo há muitos membros, e esses membros não têm todos a mesma função. O mesmo acontece conosco: embora sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, e, cada um por sua vez, é membro dos outros” (Rm 12,3-5).

  1. A realidade das fragilidades e conflitos

Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo… Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês… Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade… Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo (cf. Ef 4,23-31).

  1. As causas das divisões na Igreja

«Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica. Ninguém procure satisfazer aos seus próprios interesses, mas os do próximo” (1Cor 10,23-24)…. “façam tudo para a glória de Deus…”; “Façam como eu, que me esforço para agradar a todos em todas as coisas, não procurando os meus interesses pessoais, mas o interesse do maior número de pessoas, a fim de que sejam salvas”  (1Cor 10,33).

  1. Acima de tudo o amor

“O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1Cor 13,4-8).

  1. A solidariedade eclesial

“Saibam de uma coisa: quem semeia com mesquinhez, com mesquinhez há de colher; quem semeia com generosidade, com generosidade há de colher. Cada um dê conforme decidir em seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama quem dá com alegria. Deus pode enriquecer vocês com toda espécie de graças, para que tenham sempre o necessário em tudo e ainda fique sobrando alguma coisa para poderem colaborar em qualquer boa obra…” (2Cor 9,6-8).

  1. Comunhão, Obediência e Fidelidade

«Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor. Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15,7.9-11).

  1. Trabalhar fraternalmente em rede

“Comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Desse modo, indo vê-los ou estando longe, eu ouça dizer que vocês estão firmes num só espírito, lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho” (Fl 1,27). “Nós trabalhamos juntos na obra de Deus” (1Cor 3,9).               

  1. A Espiritualidade da Comunhão e da Sinodalidade

“Se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento… Tenham em vocês os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fl 2,1-3.5).

  1. Atitudes que ferem o senso de comunhão

“Tenho receio de que entre vocês haja discórdia, inveja, animosidade, rivalidade, maledicências, falsas acusações, arrogância, desordens” (2Cor 12,20). “Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo” (Ef 4,31-32).

  1. A comunhão exige formação

“Quanto a você, permaneça firme naquilo que aprendeu e aceitou como certo; você sabe de quem o aprendeu. Desde a infância você conhece as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de lhe comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo. Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2Tm 3,14-17).

 

PARA REFLEXÃO PESSOAL:

  1. Por que a comunhão faz parte da identidade da Igreja?
  2. Quais problemas culturais da nossa sociedade dificultam a cultura da comunhão?
  3. Quantas dimensões da comunhão eclesial você encontrou nessa lista de temas?

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