Jesus realizou a Multiplicação dos Pães e dos Peixes e em seguida pronunciou o Sermão sobre o Pão da Vida, que é ele mesmo. Ao final, num estilo próprio do Evangelho de São João, vai pronunciar palavras de fogo, que ainda serão proclamadas nos próximos dias na Liturgia: “O Pão que eu darei é a minha própria Carne para a Vida do Mundo” (Jo 6,51). É o modo original do Quarto Evangelho para dizer: “Isto é o meu Corpo!” Queremos refletir sobre a Obra de Deus, acreditar naquele que por ele foi enviado, mas desejamos fazê-lo a partir do Altar da Eucaristia.

Ajuda-nos o canto litúrgico que traz justamente as verdades proclamadas por Jesus em Cafarnaum: “O Pão de Deus é o Pão da vida, que do Céu veio até nós! Ó Senhor, nós vos pedimos, dai-nos sempre deste Pão! O Pão que eu vos dou é a minha própria Carne para a vida do mundo. Eu sou o Pão da vida, quem come deste Pão viverá eternamente. Se comerdes minha Carne, e beberdes o meu Sangue tereis a vida em vós. No deserto, vossos pais comeram o maná, mas morreram todos eles. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue fica em mim e eu nele. Meu Corpo é a comida e meu Sangue é a bebida que alimenta a vida eterna. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, eu o ressuscitarei. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue viverá sempre por mim. Eu sou o Pão da vida, quem vem a mim, não mais terá fome ou terá sede. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue terá a vida eterna” (Padre José Weber SVD).

O que se segue é uma afirmação dirigida a sacerdotes, a ser acolhida e aplicada por todos aqueles que se aproximam da Mesa Eucarística: “Padre Giuseppe Quadrio, SDB, escreveu: ‘Compreendam e vivam sua Missa. Sejam apaixonados e zelosos. Que a Missa seja a luz, a alegria, a alma de sua vida, o seu tudo. E que toda a sua vida seja um prolongamento, uma realização de sua Missa: ou seja, uma pregação ativa do Evangelho, um Ofertório generoso, uma Consagração total, uma Comunhão íntima de Cristo com o Pai e com os Irmãos. Salvem sua Missa da profanação do despreparo: a Missa mais frutuosa geralmente é a mais bem preparada’. Ainda aos sacerdotes novatos de 1961, escreve: ‘Celebrem sua Missa como se fosse a primeira, a última, a única de sua vida. Amem a Missa como a alma de sua existência; defendam-na da usura do rotina; façam dela o escudo de sua castidade e a força de seu apostolado’”.  Provavelmente esta belíssima afirmação já corria anteriormente, tanto que se encontra na Sacristia da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, como um apelo de grande força aos sacerdotes que lá celebram a Santa Missa.

São condições para vivermos a Santa Missa! Participar como se fosse a Missa de nossa Primeira Comunhão, pois Deus não se repete, é sempre novo. E a Missa é presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desejamos a todos a candura de alma das crianças que se aproximam com temor e tremor e grande alegria da Eucaristia! Não falte a consciência clara de que estamos penetrando no Santo dos Santos da vida da Igreja. São Paulo VI, de saudosa e alegre memória, soube reconhecer que a Eucaristia é o bem mais precioso da Igreja!

Participar da Santa Missa como a única oportunidade. Cada Palavra proclamada, cada gesto litúrgico, o acontecimento da presença real de Jesus Cristo, o mergulho no Mistério de sua Morte e Ressurreição, tudo isso resume a história e se torna oportunidade única para desfrutar as graças de Deus no momento presente de cada celebração, pois nela se realiza a obra de Deus, sabendo que todas as outras celebrações da Eucaristia serão únicas, com sua graça própria. Podemos desdobrar esta verdade no convite a que ninguém desperdice o convite à Missa Dominical. Mais do que um dever, ir à Missa no dia do Senhor é um direito que nos foi dado e celebrar juntos, cada pessoa em sua vocação própria e no devido ministério, o Mistério de Cristo. E ainda saber que o Corpo Místico de Cristo, reunido para a Eucaristia, tem cada um de nós como parte integrante e única, apelando para que não falte à Missa este membro do Corpo Eclesial que é cada fiel.

A Missa faz presente diante da Assembleia Litúrgica e com esta Assembleia todo o Mistério de Cristo e antecipa a plenitude da qual participaremos no Paraíso. Magnífica a expressão usada pela Igreja ao referir-se à comunhão dada ao fiel na iminência de sua Páscoa pessoal na morte: “Viático”! Alimento para a viagem! Entretanto, como todos estamos em viagem, a caminho da eternidade, cada Missa traz consigo o Pão para Santa Viagem que somos chamados a percorrer, e nos permite rezar com o salmista: “Feliz quem encontra em ti sua força e decide no seu coração a santa Viagem” (Sl 83,6). Da Missa, especialmente na Páscoa semanal que é o Domingo, saibamos recolher os frutos e a força necessária para viver o amor ao próximo, ser comunhão para quem consome nosso tempo, nosso trabalho, nossos esforços e nossa alegria. Ousamos até dizer que quem gasta o que somos durante o nosso dia, até sem saber se alimenta do sustento para a vida e a eternidade que recebemos na Sagrada Comunhão. E da Palavra proclamada na Eucaristia, cada pessoa recolha um precioso ensinamento a ser praticado durante a semana, de modo a transformar-nos em Evangelho vivo, Palavra de Vida Eterna que só o Senhor tem para dar e que somos chamados a testemunhar!

Podemos fazer nossa a súplica feita a Jesus no Evangelho do Domingo: “Senhor, dá-nos sempre desse Pão” (Jo 6,34).

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