A pedagogia de Deus e os destinatários da Catequese no Diretório Catequético (parte 7)

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Introdução
Continuemos a nossa sintética apresentação do Diretório Geral da Catequese, desta vez levando em consideração a terceira (a pedagogia da fé), a quarta (os destinatários da catequese) e a quinta parte (a Catequese na Igreja Particular) desse documento.

O documento se conclui com um forte apelo à intensificação da promoção da catequese em nosso tempo, bem como estimula a todos os líderes da Igreja, em seus diversos níveis, a confiança na ação do Espírito Santo porque é ele quem fecunda, faz germinar e frutificar a Palavra de Deus que é semeada no coração de cada pessoa.

1 – A pedagogia da fé
Jesus Cristo cuidou com muito zelo da formação dos seus discípulos e depois os enviou. No processo de formação deles, Jesus foi para eles o único mestre; foi-lhes amigo, paciente, fiel, sincero! Compartilhou sua vida com eles, respondeu as suas perguntas e os introduziu na ação missionária.

A Igreja seguindo os passos de Jesus estimula também as mesmas atitudes com os catequistas no processo de educação na fé. Esse processo é conduzido pelo Espírito Santo e têm como meta chegar ao estado do homem perfeito, que tem como medida e altura, a plenitude de Cristo (cf. Ef 4,13).
O processo catequético promovido pela Igreja imita a pedagogia divina marcada pela gratuidade, diálogo, respeito, delicadeza, liberdade, progressividade, encarnação na realidade. A pedagogia divina valoriza a pessoa, respeita a sua situação existencial, se serve de sinais, fatos, palavras, celebrações, experiências de vida e valoriza as potencialidades naturais do fiel com a sua inteligência, vontade, afetividade, memória.

A pedagogia divina, que inspira a catequese, não faz separação entre evangelizar e educar, mas “evangeliza educando e educa evangelizando”; para isso se serve de uma diversidade de métodos, como aquele indutivo (partindo dos fatos da experiência cotidiana para se chegar à experiência de Deus) e o dedutivo (que descreve os fatos partindo das suas causas, Deus).
A catequese é um caminho de formação do ser humano, por isso não pode prescindir de valorizar tudo aquilo que é autenticamente humano.

2 – Os destinatários da catequese
Assim como Jesus veio anunciar o Reino de Deus a todos os homens, de todas as condições existenciais, grandes e pequenos, pobres e ricos, próximos e distantes, judeus e pagãos, homens e mulheres, justos e pecadores, povo e autoridade, indivíduos e grupos, crianças e jovens, homens e mulheres, da mesma forma, todas as pessoas são destinatárias da catequese.

A catequese é para todas as nações (cf. Mt 28,19; Lc 24,47), para todas as criaturas e deve durar até o fim do mundo (cf. Mt 28,20). Por isso, deve ser dinamizada sendo adaptada aos contextos existenciais dos variados sujeitos, segundo a idade e condições de vida. É necessário considerar que cada fiel tem múltiplos condicionamentos: psicológicos, sociais, culturais, religiosos; é importante levar em conta que, no processo catequético, o destinatário é um sujeito consciente, livre, corresponsável, por isso não deve ser tratado como um receptor passivo (cf. DGC,167) e deve ser educado no interior da sua legítima comunidade, onde deve amadurecer na sua fé e nela se engajar
No que diz respeito às diversas etapas da vida, a catequese é chamada a se servir das orientações das ciências humanas e pedagógicas para que possa ter mais êxito. A catequese não deve ser a mesma para todas as idades e nem mesmo fazer uso da mesma linguagem e métodos para todos.

Grande desafio é a catequese com adultos. Para estes alguns compromissos são importantes, tais como: promover a formação e o amadurecimento na vida espiritual; esclarecer questões religiosas e morais; promover o sentido de pertença à da Igreja; esclarecer a relação entre fé e razão; estimular a assunção de responsabilidade dentro da Igreja e na sociedade como consequência da maturidade da fé.

São também destinatários da catequese todas as pessoas que vivem em condições especiais de marginalização, como refugiados, nômades, doentes crônicos, viciados presos, etc. Por outro lado, a catequese pode se organizada para atingir especiais categorias de pessoas, como operários, profissionais liberais, artistas, homens de ciência, universitários, etc.
O Diretório Geral da Catequese também estimula a Igreja a dar especial atenção à dimensão ecumênica da catequese, bem como a promover o crescimento dos catequizandos no diálogo religioso para que possam saber respeitar e dialogar com pessoas de outros credos.

3 – A catequese na Igreja Particular
A catequese se realiza dentro da Igreja particular (a Diocese) que tem como primeiro responsável, o bispo e seus diversos colaboradores: os presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, em comunhão na diversidade de vocações e carismas. A catequese é a ação evangelizadora basilar da Igreja particular e todos os ministérios são por ela corresponsáveis.

O ministério catequético tem grande importância no interior da vida da Diocese e está dentro do conjunto de outros ministérios e serviços eclesiais.
Para que o ministério catequético na diocese seja frutuoso, é necessário dar especial atenção para algumas questões como; a formação dos catequistas, a elaboração de material didático, a organização, o planejamento e o aprofundamento da identidade da catequese.

Toda a comunidade eclesial é responsável pela promoção da catequese, mas recai sobre cada categoria de sujeitos responsabilidades específicas, a saber, os bispos, sacerdotes, religiosos, catequistas e pais. Os catequistas devem ser formados de acordo com os desafios que devem enfrentar especificamente. A formação do catequista envolve diversas dimensões: o ser, o saber e o saber fazer. “A formação tende a fazer do catequista, um educador do homem e da vida do homem” (DGC, 238).

Alguns critérios são muito importantes para a convocação de catequistas, tais como, a maturidade humana, a vida espiritual, o amor à Igreja, a consciência apostólica, a sensibilidade pedagógica, a abertura para com as ciências humanas.

4 – Confiar na ação do Espírito Santo
Em sua conclusão o Diretório Geral da Catequese afirma que a Catequese, à luz do Espírito Santo, dando especial atenção à vida das pessoas, deve sempre investir esforços no discernimento necessário para a renovação da Igreja no serviço de evangelização.

Os pastores da Igreja, seus colaboradores e catequistas são chamados a confiar na ação do Espírito Santo que faz crescer aqueles que crêem. “A eficácia da catequese é e será sempre um dom de Deus, mediante a obra do Espírito do Pai e do Filho. Esta total dependência da catequese da intervenção de Deus, é ensinada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios, quando lhes recorda: «Eu plantei; Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Assim, pois, aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão somente Deus, que dá o crescimento» (1Cor 3,6-7), (cf. DGC, 288).
O Espírito Santo é o principal catequista com sua discreta e silenciosa voz. “Portanto, que o íntimo da espiritualidade do catequista seja dominado pela paciência e pela confiança de que é o próprio Deus quem faz nascer, crescer e frutificar a semente da Palavra de Deus, semeada em terra boa e lavrada com amor!” (DGC, 289).

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1 – O que significa a “pedagogia da fé”?
2 – Quem são os responsáveis pela promoção da catequese na Diocese?
3 – Quem é o principal catequista, do qual depende a eficácia da catequese?

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