Por Padre Helio Fronczak

As duas portas contam uma história hilária sem dizer uma palavra. De um lado, a esperança de um músico frustrado: “Vende-se um trombone”. Do outro, o alívio de um vizinho exausto: “Graças a Deus!”.

Esta cena cômica nos lembra que a vida em comunidade é uma verdadeira orquestra, onde nem sempre tocamos a mesma melodia. O que para uns é paixão, para outros pode ser uma dor de cabeça em dó maior. O trombone, instrumento nobre nas mãos certas, pode se tornar uma arma de destruição auditiva nas mãos (ou boca) erradas.

Mas antes de julgarmos o vizinho aliviado, lembremos que a paciência tem limites, assim como as paredes finas dos apartamentos modernos. Talvez o trombonista em questão praticasse suas escalas às três da manhã ou tivesse um talento inversamente proporcional à sua dedicação.

A lição aqui é clara: nossos hobbies e paixões não devem se tornar o pesadelo dos outros. É preciso harmonia na convivência, como numa boa orquestra. Às vezes, é necessário baixar o volume, mudar o horário dos ensaios ou, quem sabe, optar por um instrumento menos… impactante.

Por outro lado, o vizinho aliviado poderia ter sido mais diplomático. Um simples “Boa sorte com a venda!” teria sido mais gentil. Afinal, quem sabe se um dia ele mesmo não precisará da compreensão dos vizinhos para algum hobby barulhento?

No fim das contas, essa pequena comédia nos ensina que a vida em sociedade requer equilíbrio, empatia e, às vezes, um bom senso de humor. Que possamos todos encontrar a nota certa na sinfonia da convivência, sem precisar vender nossos “trombones” ou comemorar a partida dos sonhos alheios. Aqui vale muito lembrar a recomendação de S. João da Cruz: “Onde não há amor, coloque amor, e você encontrará amor”!

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