A vida perfeita das redes sociais

Durante a pandemia que estamos vivendo, as redes sociais têm sido um instrumento importante de proximidade afetiva, visto os impedimentos justificados que nos distanciaram fisicamente. No entanto, faz-se necessário refletir sobre os impactos do uso excessivo e indiscriminado das redes de relacionamento em nossa saúde mental, no que diz respeito à superexposição da felicidade apresentada, ostentada, produzida e ilegítima, gerando uma espécie de pressão para que todos sejam felizes da mesma forma.O problema é quando a busca incessante por essa felicidade gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a “vida perfeita dos outros”. Como enxergamos a vida dos amigos que seguimos? E como enxergamos a nossa própria vida? Será que nas redes sociais somos verdadeiramente quem somos?

Quando tentamos assumir a forma e o comportamento de outra pessoa que seguimos, porque ele alcançou algo na vida que desejamos alcançar, há um caminho equivocado, posto que a felicidade é uma experiência interna, individual, única, embora possamos entender que a felicidade tem como que dois pilares comuns: uma vida com um pouco mais de emoções positivas do que negativas, significativa e com propósitos. 

Nas redes sociais, somos inteligentes, engajados, empáticos, temos a família mais bonita, como se estivéssemos em uma competição para mostrar mais felicidade, mais beleza, mais alegria, mais perfeição, mais, mais… E, cá entre nós, todos sabemos que essa “perfeição” não existe, apesar de toda a maquiagem. Você já parou para pensar o quanto de dor e possibilidades de problemas de ordem emocional pode viver uma pessoa que está triste porque não conseguiu alguma coisa e, ao olhar as redes sociais, se depara com a constante alegria, vitória e comemoração dos outros? É quase inevitável comparar-se, medir-se pela felicidade do outro, provocando autoestima mais detonada ainda, pois “na sua vidinha nada dá certo”… Sim, porque como consequência dessa superexposição da felicidade, as emoções negativas, os fracassos, os medos, as falhas não são expostas… Não há dias tristes nem ruins… Então, o que temos? De um lado, pessoas se esforçando muito para mostrar uma vida inventada e do outro, pessoas cada vez mais frustradas e tristes por não conseguirem essa tal “vida perfeita”, como que invejando o irreal. O resultado de ambos? Uma vida de infelicidade, um vazio.

Já existem diversos estudos associando as redes sociais a doenças como depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. E precisamos parar para refletir e repensar o uso das mesmas. É para abandonar? Não, se você não quiser. Mas, sim, é para usar de forma racional e equilibrada, lembrando que existe mundo fora das redes, mundo real, com lazer, trabalho, encontros de família, fracassos, tristezas, etc, ou seja, a vida real.

Estipule quanto tempo você vai ficar navegando nas redes, configure seu feed para mostrar o menos possível da vida dos outros e viva a sua vida, a que está acontecendo aqui, agora. Tenha em mente: as redes sociais são como que vitrines onde se mostra aquilo que se deseja mostrar, ou seja, não é a vida real! Até a próxima!

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