
Introdução
O tema do Círio deste ano nos convida a aprofundar dois aspectos da nossa devoção a Nossa Senhora: a maternidade e a educação. Para os cristãos de muitas Igrejas, ela é reconhecida como a Senhora, justamente por ser a Mãe do Senhor. Movidos pelos sentimentos de honestidade diante dos dados bíblicos, admitimos que o título “Senhora” nos recorda as palavras entusiastas de Isabel encontrando-se com Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1, 42-43).
Quem seria o Senhor de Isabel? Deus! Maria é mãe de Jesus Cristo, o Senhor, Salvador (cf. Mt 1,18.23; Mt 2,11), o Filho do Altíssimo (cf. Lc 1,32), o Emanuel Deus Conosco! (cf. Mt 1,23). O tema do Círio deste ano nos estimula a refletir sobre a maternidade de Maria ressaltando o seu aspecto de mestra. De fato, toda mãe é mestra dos seus filhos!
1 – A justificativa do tema do Círio 2022
Em geral, todos os anos a escolha do tema do Círio é consequência de um processo de reflexão sobre aquilo que a Igreja vive e celebra naquele ano nos diversos níveis eclesiais: local, regional, nacional e mundial. O tema do círio, de certa forma, é uma chamada de atenção para um compromisso já assumido pela Igreja e, portanto, um modo de aprofundamento de uma realidade com a qual a Igreja já está comprometida.
A figura de Maria é sempre uma referência iluminadora para qualquer realidade ou aspectos da vida da Igreja. O tema do Círio 2022, “Maria, mãe e mestra”, nos estimula a pensar na importância da educação a partir da maternidade de Maria. O conjunto de virtudes da maternidade de Maria, com seus múltiplos cuidados, é capaz de injetar novas perspectivas para a vida dos profissionais da educação, tanto nos ambientes educacionais institucionais como também na própria família.
O tema “Maria, mãe e mestra” quer estimular os fiéis católicos a refletir sobre a maternidade de Maria e sua missão educativa. Há uma inseparável relação entre maternidade e educação. A verdadeira mãe é educadora, bem como o autêntico educador ou educador desenvolve em si a sua dimensão paterna e materna, para que seja capaz de cuidar. O educador(a) é um cuidador(a)!
Com o lançamento do Pacto Educativo Global, o Papa Francisco estimulou toda a Igreja, governos e as instituições em geral a trabalharem juntos pela promoção de uma sociedade mais humana, justa, fraterna. O “humanismo solidário” que todos almejamos é fruto da ação conjunta pela educação.
Por isso, neste ano 2022, a Igreja no Brasil também está comprometida com a reflexão sobre a educação e promoveu a Campanha da Fraternidade tendo como tema: “Fala com amor, ensina com sabedoria!”(Pr 31,26). É tempo de revitalização da Pastoral da Educação. Tendo já refletido sobre a Família no Círio do ano passado (“O Evangelho da Família na Casa de Maria”), o tema deste ano aprofunda a dimensão materna seu compromisso educativo. Também a Igreja tem a missão de evangelizar e educar, ou melhor dizendo, ela “evangeliza educando, e educa evangelizando”. Maria, é a mãe que viveu em plenitude essa dupla missão.
2 – Maria mãe
A diversidade dos dados bíblicos nos apresentam uma realidade histórica: maria é mãe de Jesus Cristo, que é o Filho de Deus. Maria é mãe biológica de Jesus Cristo! Dela o Filho de Deus assumiu a carne humana e se fez homem. Jesus é verdadeiramente humano e verdadeiramente divino. Portanto, Maria não é meia mãe! O filho que nasce dela é o Filho de Deus! No ato de dar à luz seu filho, veio consigo a divindade.
A divindade encarnada habitou o útero de Maria. Isso é um mistério! De fato, o menino Deus, recém-nascido sem nenhuma manifestação de glória e poder, é reconhecido como Deus e adorado pelos magos (cf. Mt 2,2).O filho que ela gestou, nasceu, foi-lhe obediente, cresceu, é o mesmo que fez milagres, foi crucificado, morto, sepultado, ressuscitou, subiu aos céus e voltará.Por isso declara São Lucas:“Esse Jesus que foi tirado de vocês e levado para o céu, virá do mesmo modo com que vocês o viram partir para o céu.» (At,1,11).
3 – Maria, mãe da Igreja
Maria por ser a mãe dos discípulos de Jesus, é a mãe da Igreja.No Calvário, cravado na Cruz, Jesus dirige-se à sua mãe e lhe diz: «Mulher, eis aí o seu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,26-27). O “discípulo amado” assume a mãe de Jesus como sua mãe… Jesus compartilha a sua mãe com o “discípulo amado”; o “discípulo amado” pelo mestre, ama a mãe dele e assume seus cuidados. Não é coerente pensar-se “discípulo amado” pelo mestre e,ao mesmo tempo, não amar a mãe dele. Portanto, a mãe do mestre, deve sempre ser amada pelo discípulo amado!
Após morte de Jesus, a mãe que amorosamente cuidou do filho que gerou, agora, passa a ser cuidada pelo filho adotivo. O discípulo amado leva Maria para a sua casa, sua vida, família; Maria é adotada, amparada, cuidada, admirada porque o “discípulo amado” vive a mesma vida do filho gerado no útero de Maria!A filiação espiritual tem consequência morais, ou seja, dinamiza o comportamento do filho coerente em sua fé.
Se vivemos a vida do Filho de Deus, portanto, não podemos negar esse vínculo espiritual com a mãe de Cristo. O discípulo amado representa a Igreja que continua alevar Maria para casa seguindo as orientações de Jesus e por ela é protegida, como toda mãe faz com seus filhos. Aqueles que Jesus quer salvar, passam também pelo carinho do coração da mãe do seu filho.Enxertados em Cristo, Nele ela se torna nossa mãe, mesmo para quem não a reconhece como tal!
Levar Maria para Casa é assumir a oportunidade de um conhecimento mais profundo dela. Por isso não devemos ter-lhe uma vaga lembrança, mas conhecer sua história, reconhecer suas graças e seu papel na história da Salvação,imitar suas virtudes, meditar sua intimidade com a Palavra de Deus etc. É preciso conhecê-la, lendo os Evangelhos, conhecendo seu filho! As duas histórias são inseparáveis, pois há uma íntima relação entre mariologia e cristologia.
4 – Maria é mestra
Por ser autenticamente mãe, Maria é consequentemente, Mestra. Toda mãe madura é mestra! A maternidade é inseparável da missão de educar. O tema do Círio deste ano nos convoca a aprofundar a o sentido da íntima relação entre maternidade e a missão de educar. Isso vale tanto para a maternidade quanto para a paternidade.
Maria é a mestra do cuidado! Maria é a mestra do discernimento! Maria é a mestra da Caridade! Maria é a mestra da obediência! Maria é a mestra da oração! Maria é a mestra do silêncio! Maria é a mestras das boas iniciativas! Maria é a mestra da sensibilidade social! Maria é a mestra da missionariedade! Maria é a mestra do acompanhamento! Maria é a mestra da firmeza no sofrimento! Maria é a mestra da participação e do engajamento na Vida da Igreja!
PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1Qual é a relação entre maternidade, paternidade e educação?
2Qual atitude mais ressalta a sensibilidade educativa de Maria?
3O que significa para você “levar Maria para casa”?