Em meados de 2019, a Arquidiocese de Belém, por iniciativa do Arcebispo Dom Alberto Taveira Corrêa, decide realizar o “Primeiro sínodo Arquidiocesano de Belém”. Foi formada uma “Comissão de Preparação para o Sínodo Arquidiocesano”, com vários componentes representando os diferentes setores que compõem o povo de Deus da Arquidiocese: leigos(as), religiosos(as), diáconos, padres e bispos. E foi assim que eu, padre Helio Fronczak, representando os padres da Arquidiocese, entrei nesta “Comissão do Sínodo Arquidiocesano”.
A primeira missão da Comissão do Sínodo foi organizar o processo da caminhada sinodal: competências dos membros da comissão, possíveis atividades específicas em vista do sínodo, cronograma de atividades e níveis de assembleias sinodais. Decidida a caminhada, começou-se logo, em todos os ambientes, a conscientização do povo sobre a importância e significado do evento “sínodo arquidiocesano” e a organização das assembleias paroquiais. Tudo estava se encaminhando bem quando, de repente, surge o anúncio da infestação da Covid-19, uma verdadeira pandemia, que decretou o fechamento dos lugares públicos onde aconteciam grandes concentrações de povo. Também as Igrejas sofreram tais restrições que impossibilitaram o andamento normal de reuniões e encontros com grande número de pessoas, obrigando a interrupção do processo sinodal, apenas iniciado.
Inicialmente se cogitava que seria por breve tempo; ao contrário, somente no segundo semestre de 2021, embora ainda não completamente debelada, o mundo começou a entrar em um “novo normal” que, aos poucos, está retomando seu ritmo, embora ainda sofrendo grandes prejuízos em todos os aspectos, causados pela pandemia. Com a atenuação da pandemia, foi retomado o cronograma do caminho sinodal na arquidiocese, com a realização das várias assembleias nas paróquias, nas regiões episcopais, nos organismos pastorais e, como conclusão, a assembleia-geral do sínodo, que ocorreu em 5 e 6 de agosto de 2022.
Os temas e conteúdos de um sínodo, normalmente, já se encontram especificados nos seus respectivos títulos. No caso do primeiro sínodo arquidiocesano de Belém, o título ‘Belém, Igreja de portas abertas’, e o lema bíblico ‘A cidade se encheu de alegria’ (At 8,8) indicam, claramente, que a Arquidiocese se propõe a ser cada vez mais “igreja em saída”. De fato, uma casa de portas abertas indica atitude de acolhida e comunhão para todos os que se aproximam dela e desejam entrar, e indica também “não fechamento em si mesma”, pois, portas abertas convidam a sair para todos os lugares levando a alegria do evangelho.
Muitas foram as lições que o processo sinodal me proporcionou, especialmente pelo fato de estar na comissão de preparação. Enumero as mais significativas:
a) Saber escutar os outros. Para viver em comunhão com os outros membros da comissão, algumas vezes foi necessário perder o meu ponto de vista para acolher o ponto de vista dos outros. Isto fez-me mais atento em procurar colher o que realmente os outros diziam e, ao mesmo tempo, mais livre em doar o meu pensamento como contribuição ao tema que se estava tratando. Nesta atitude de receptividade e doação, cada um dos membros contribui para o desenvolvimento do todo.
b) Ser fiel em reportar o que os outros disseram. No trabalho de elaboração da síntese das propostas vindas das assembleias, ao elaborar um instrumento de trabalho para a assembleia-geral, por vezes surgia a tentação de querer simplificar segundo meus próprios critérios; mas, logo me colocava na atitude de ser somente secretário que compila o trabalho, e não intérprete do que foi a inspiração coletiva de um determinado grupo.
c) Ter docilidade às inspirações do Alto. As questões tratadas nas assembleias paroquiais e regionais partiam do Plano arquidiocesano de Pastoral em vigência, com as referências aos eixos pastorais que norteavam a caminhada pastoral. É bastante frequente que, tratando-se de avaliações, ao considerar o passado recente quase que, espontaneamente, vêm mais em relevo os pontos negativos do que os positivos. Aprendi que é necessário ter o olhar mais amplo possível para ser dócil ao que o Espírito Santo está sugerindo no momento presente da história, com abertura ao novo que os tempos atuais exigem, e não viver somente apoiados na experiência feita no passado.
d) Viver a paciência e a humildade. Sempre que se trabalha num grupo numeroso de pessoas, é natural que as diferenças de pensar e agir apareçam. Nestas horas é preciso cultivar a paciência e a humildade para não perder a caridade com o próximo e, mesmo se com menor velocidade, continuar trabalhando em equipe e não isoladamente. É um contínuo aprendizado para todos os membros da equipe.
Colho a ocasião para expressar um grande “Muito Obrigado” a todos os membros da Comissão do Sínodo pela oportunidade de convivência fraterna que vivemos em todo o processo sinodal. E como a assembleia sinodal não foi somente encerramento de uma etapa da caminhada, mas também foi início de uma nova fase da pastoral arquidiocesana, quero me colocar à disposição para, juntos, caminharmos na construção do Reino de Deus.