O UOL perguntou ao teólogo Leonardo Boff porque há tamanho crescimento das igrejas evangélicas nas camadas populares do Brasil após o desestímulo da Igreja católica às Comunidades Eclesiais de Base.
Em resumo Leonardo Boff disse o seguinte:
Para atender os fiéis a Igreja católica deveria ter mais de 100.000 padres, mas tem menos de 20.000. A criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) foi um modo de suprir esse vazio, mas ele continuou.
O povo brasileiro é muito religioso, mas em geral tem fraca visão doutrinária da fé. Por isso, ele adere facilmente a quem lhe falar de Deus, e qualquer garage pode tornar-se próspero mercado para vender Deus.
Essas igrejas vieram exatamente para falar de Deus ao povo carente.
Elas pregam a prosperidade que nada tem a ver com o Evangelho de Jesus. Elas exploram a carência e a ingenuidade dos fiéis. Elas prometem riqueza material a seus ouvintes que pagam o dízimo.
Elas enchem grandes salões, mas não criam comunidades como Jesus quis a sua Igreja desde o início – At 2, 42ss e 4, 32ss.
Grande desafio para as Igrejas históricas é mostrar aos fiéis os valores cristãos do amor, da justiça e da solidariedade com os pobres.
As Igrejas evangélicas manipulam os fiéis e os amedrontam com ameaças de inferno e de castigos. Elas conquistam fiéis pelo medo e com falsas promessas de prosperidade material e de milagres fáceis.
UOL perguntou a Leonardo Boff como se explica que essas Igrejas hoje ocupam tantos espaços na política e no governo federal do Brasil.
Leonardo Boff disse que o Brasil é um país laico, que não assume nenhuma religião como sua, e respeita todas. Mas as igrejas evangélicas abusam da religião e a usam como instrumento político, tornando-a até foco de ‘fake news’, isto é, focos de falsidades e de mentiras, inclusive perseguindo outras religiões, especialmente as de origem africana.
É um grave problema, pois hoje elas formam a base de um governo de extrema direita que usa tais igrejas para garantir-se no poder, passando por cima da Constituição Federal e da Bíblia.
E nós católicos, o que devemos pensar e fazer?
Trabalhar para fazer crescer muito o número de sacerdotes.
Nas eleições ser prudente e não votar em certos evangélicos.